Painel
de ideias e de culturas
O
Prêmio Príncipe das Astúrias de Letras e um dos mais cobiçados e
prestigiosos, dos tantos que há mundo afora. É sumamente
democrático e aceita a candidatura de todos os escritores,
independente de sua nacionalidade ou do idioma em que produzam suas
obras, desde que satisfaçam suas únicas condições, ou seja, “cujo
trabalho de criação ou de pesquisa represente uma contribuição
relevante à cultura universal nos campos da literatura e da
linguística”.
Dos
vários prêmios literários de que tenho conhecimento, este é um
dos que têm mais amplo caráter internacional. Seu âmbito de
abrangência é, virtualmente, ilimitado, o mundo. Provavelmente,
nesse aspecto, seja superado, apenas, pelo Nobel de Literatura.
Trata-se, pois, de um prêmio que qualquer escritor de sucesso
gostaria de incluir em seu currículo, pelo prestígio que dá.
Para
que vocês tenham uma ideia
de sua abrangência, a edição de 2011, por
exemplo, contou, conforme
li num despacho da agência de notícias espanhola EFE, com 32
candidatos. Até aí, nada de mais. Há prêmios com número superior
de candidaturas. O que chama a atenção, todavia, é o fato desses
postulantes procederem de 25 países diferentes, de todos os
continentes.
As
localidades representadas foram:
Argentina, Áustria, Austrália, Bósnia, Brasil, Canadá, Cuba,
Chile, China, Estados Unidos, França, Guatemala, Grécia, Holanda,
Irã, Itália, Líbano, Macedônia, México, Portugal, Reino Unido,
Romênia, República Checa, África do Sul e Espanha.
Como
se vê, os 19 juradoa tiveram
pela frente uma tarefa digna dos “doze trabalhos de Hércules”.
Tinham,
diante de si, um painel das principais tendências literárias do
mundo na atualidade, com imensa variedade de ideias,
costumes, tradições, estilos, personagens, enredos e formas de
expressão os mais variados e complexos possíveis. Lendo as obras
dos escritores candidatos, teríamos um painel praticamente completo
do panorama literário mundial de hoje. É uma tarefa complexa, não
restam dúvidas, no entanto, fascinante.
Para
um julgamento que envolve tamanha multiplicidade, que, neste caso, é,
sobretudo, subjetivo, o júri conta com escritores, jornalistas,
professores de literatura, críticos literários e até mesmo um
empresário, no caso um banqueiro. Creio que a mescla foi inteligente
e suficientemente variada. Este, no meu entender, é um tipo de
disputa em que não há vencedores e nem vencidos. Claro que o
objetivo de todos os candidatos é o de obter o prêmio máximo. Mas
só o fato de participar de uma premiação de tamanha envergadura e
abrangência já é um ponto positivo para todos os 32, para
enriquecerem seus respectivos currículos.
A
propósito, o ganhador daquele ano foi um canadense. Foi o poeta e
cantor Leonard Cohen, autor, entre outros livros, do romance “O
jogo favorito” O
ganhador do prêmio em 2010 havia
sido Amin Maalouf,
escritor e jornalista (mantendo a tradição da nossa profissão de
produzir excelentes autores de ficção) libanês, ex-chefe
de redação da prestigiosa e reputada revista “Jeune Afrique”,
autor de vários livros de sucesso, como “Leão, o africano”,
“Samarcanda”, “Os jardins da luz”, “O périplo de
Baldassera”, “Origens” e “O amor de longe”, entre outros.
Além
de literatura (com os 32 candidatos de 25 países de
2011 que citei como exemplo),
o Prêmio Príncipe das Astúrias, promovido pelo Instituto de mesmo
nome, em homenagem ao herdeiro da coroa espanhola, tem, também,
anualmente, as
seguintes premiações, igualmente atribuídas, desde 1983: Artes,
Comunicação e Humanidades, Cooperação Internacional, Ciências
Sociais, Esportes, Pesquisa científica e Técnica e Concórdia.
A
literatura brasileira, ao contrário do que ocorre com o Prêmio
Nobel, já foi contemplada, o que atesta sua inegável qualidade e a
alta criatividade dos nossos escritores. Quem ganhou essa premiação
para o Brasil foi a imortal da Academia Brasileira de Letras,
entidade que já chegou a presidir, a carioca Nélida Piñon, em
2005. Como se vê, fomos otimamente representados.
Entre
os nomes mais famosos, que já ganharam esse prêmio, estão alguns
ganhadores do Nobel. Os que chamam mais a atenção são: Juan Rulfo
(1983), Mário Vargas Llosa (1986, junto com Rafael Lapusa), Camilo
José Cela (1987), Carlos Fuentes (1994), Doris Lessing (2001),
Arthur Miller (2002), Susan Sontag (2003, junto com Fatama Memissi),
Paul Auster (2006), Amos Oz (2007) e Ismail Kadaré (2009).
Aos
vencedores, em todas as categorias, é oferecida, anualmente, uma
escultura do magnífico e genial artista catalão Joan Miró. Estarei
atento, estejam certos, ao resultado, notadamente da categoria
Literatura (a nossa praia) e torcendo, sem dúvida alguma, pelo
sucesso do representante brasileiro (que infelizmente não consegui
apurar quem é).
Boa
leitura!
O
Editor.
Acompanhe o Editor pelo twitter: @bondaczuk
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