Cinema
mudo
*
Por Talis Andrade
Na
roda da fortuna
revejo
coisas passadas
cenas
de um mundo
esquecido
mundo
povoado
de sombras
Cenas
que passam
em
preto & branco
e
ceifa a peste
o
fogo dizimando
Índios
vestidos
coa
a camisa de fantasma
pajés
a profetizar
no
frenesi das Santidades
a
Terra Sem Males
Cenas
mudas
de
negros escravos
zumbis
mal-assombros
arrastando
correntes
nas
escuras senzalas
Cenas
de um filme
em
preto & branco
de
capa e espada
góticos
sobrados
estalagens
malditas
em
que se bebe rum
pelas
almas dos capitães
dos
navios piratas
Pelas
ruas do Recife
revejo
frades e padres
conspirando
pela liberdade
Frei
Caneca caminhando
com
o baraço dos enforcados
Frente
ao espelho
por
trás do espelho
visagens
vão passando
Embaçados
esboços
máscaras
trans
figuradas
caras
vão
passando
Rostos
infantis
envelhecidos
pelo tempo
Vagantes
almas
misturadas
com os viventes
em
uma dança de cadáveres
Rastejantes
sombras
dos
governantes quadrúpedes
que
roubam a quadra do tempo
Perdidas
almas
dos
salteadores de estrada
cobradores
de impostos
fiscais
de justiça
gerentes
de banco
contadores
de juros
vão
passando
Revejo
coisas passadas
coloridas
imagens
lindas
paisagens
lindas
meninas
dançando
pastoril
no
céu de Olinda
os
corpos girando
montados
em cavalinhos
cavalinhos
de madeira
pintados
de encarnado
pintados
de azul
em
um carrossel rodando
rodando
nas festas de rua
*
Jornalista,
poeta, professor de Jornalismo e Relações Públicas e bacharel em
História. Trabalhou em vários dos grandes jornais do Nordeste, como
a sucursal pernambucana do “Diário da Noite”, “Jornal do
Comércio” (Recife), “Jornal da Semana” (Recife) e “A
República” (Natal). Tem 11 livros publicados, entre os quais o
recém-lançado “Cavalos da Miragem” (Editora Livro Rápido).
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