Presente
de Deus
* Por
Eduardo Oliveira Freire
Ele
apareceu em um dia de muito calor. Ana o olhou nos braços de
Antônio e o odiou. Mas, queria salvar seu casamento e concordou
cuidar do filho da amante do marido.
Quando
cuidava do bebê, parecia que segurava uma bola de fogo. A
criança não parava de chorar.
Com
o passar do tempo, Ana começou a se acostumar como o bebê e a
produzir leite nos seios, mesmo com os filhos já crescidos.
Quando deu por si, afeiçoou-se
a ele.
A
partir daí, descobriu que o amor pode vir aos poucos e a ser
construído. Diferente daquela concepção do amor à primeira
vista, o qual aconteceu com seu marido e filhos. Tornaram-se unha e
carne e este acontecimento deixou a família perplexa.
Tinha
me esquecido de dizer o nome do menino. Chamaram-no de Théo.
Sempre fora um peixe fora d’água. Não gostava das brincadeiras de
garotes, preferia ficar com Ana, aprendendo a cozinhar e a costurar.
O pai ficava irado e, quem o protegia das pancadas, era Ana. Os
outros filhos sentiam ciúme, mas, uma mãe sempre defende o filho
mais frágil.
A
cada dia, o clima da casa foi piorando. O pai não suportava o
jeito de Théo. Ana resolveu fugir com ele, no meio da noite e rompeu
com a família. Foi uma época difícil, seus outros filhos
reataram relações com ela anos depois.
Por
coincidência, “às pazes”, aconteceu quando Théo arranjou um
bom emprego como estilista e começou a ajudar os irmãos, inclusive,
os sobrinhos. Quando o pai ficou velho e senil, Théo e Ana
resolveram cuidá-lo até seus últimos dias de vida. Os outros
filhos não podiam ficar com ele.
Ana
amava todos os filhos e netos. Costurava para eles e fazia aquele
almoço de domingo. Entretanto, em relação a Théo, sentia-se
grata a ele, por se transformar numa pessoa melhor quando o conheceu.
Théo adoeceu e Ana ficou com ele até o fim,
mesmo com sua idade avançada. Suas últimas palavras para o
filho: “Presente
de deus para mim”.
*
Formado em Ciências Sociais, especialização em Jornalismo cultural
e aspirante a escritor - http://cronicas-ideias.blogspot.com.br/
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