Pílulas
literárias 255
* Por
Eduardo Oliveira Freire
O
NOVO E O VELHO
Meia-noite,
alguém bate na porta. É um menino e diz que é o Ano Novo. Quem
atende é um senhor que responde ser o Ano Velho. Então, o ancião
deseja para o menino boa sorte e vai embora. O menino entra na casa.
***
CARTÃO
ANTIGO DE NATAL
Remexendo
em objetos antigos, empoeirados e escondidos no armário, encontrei
um cartão: “Tenha
um feliz natal e desejo muito que se encontre um dia”. Nem
me lembrava mais da mensagem, talvez não tivesse dado a devida
importância. Mas, agora, ela me faz todo o sentido. Pois é, mãe,
ainda estou na minha jornada de me achar. Porém, já me conheço
melhor. Além do mais, sei que você está lá do céu, velando por
mim.
***
FELIZ
ANO NOVO
Lauro
quando começou a escrever seus projetos para o ano que chegava,
sentiu que já fazia isso por vários anos. Mesmo que os planos
fossem diferentes, os sentimentos e pensamentos eram os mesmos.
Deletou o que começava a escrever e olhou fixamente a página do
Word em branco. A imagem de um ovo brotou na sua consciência e
decidiu que buscaria ter outro olhar em relação às coisas, para
viver o verdadeiro novo e não mais o velho disfarçado de novo.
Quando o ano novo chegou com os fogos de artifício, Lauro se
deslumbrou com tudo como se fosse um bebê.
***
VÉSPERA
DO ANO NOVO
Algo
em mim quer partir com ano velho. Não quero deixá-lo ir, mas ele
precisa. Está bem idoso. Um ovo surge em seu lugar e está rachando,
o mistério do futuro me ronda. Sempre quero fugir, mas o tempo é
implacável. Quer saber de uma coisa, comerei uma rabanada! Alguém
servido? Antes que me esqueça, feliz ano novo.
***
FELIZ
ANO NOVO, FILIPE!
-
Foi engano, não tem ninguém com este nome.
-Tudo
bem. FELIZ ANO NOVO, Francisco.
***
AMIGO
OCULTO
Por
anos, recebeu um presente de um anônimo e que sempre escrevia o
mesmo bilhete: “Receba minha lembrança com carinho, gosto muito de
você”. Em qualquer lugar do mundo onde estivesse, recebia o
presente do seu amigo oculto. Nunca descobriu quem foi.
***
FELIZ
ANO NOVO
solitário
diz aos seus gatos na sala; bandido
diz, apontando a arma para o casal que caminhava numa rua deserta;
com
um olhar, o homem diz, ao ver a mulher e o bebê dormirem
profundamente na poltrona da sala; filha
diz ao pai inerte na cama; amigo
diz ao outro, interrompendo uma briga de muitos anos; ele, o mar, diz
através de suas águas para os esperançosos.
***
*
Formado em Ciências Sociais, especialização em Jornalismo cultural
e aspirante a escritor - http://cronicas-ideias.blogspot.com.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário