Sonho
* Por
Manuel Maria Barbosa du Bocage
De suspirar em vão já fatigado,
Dando trégua a meus males eu dormia;
Eis que junto de mim sonhei que via
Da Morte o gesto lívido e mirrado:
Curva foice no punho descarnado
Sustentava a cruel, e me dizia:
“Eu venho terminar tua agonia;
Morre, não penes mais, ó desgraçado!”
Quis ferir-me, e de Amor foi atalhada,
Que armado de cruentos passadores
Aparece, e lhe diz com voz irada:
“Emprega noutro objeto teus rigores;
Que esta vida infeliz está guardada
Para vítima só de meus furores”.
* Poeta, o maior representante do arcadismo português.
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