O
empresário
* Por
Assionara Souza
Ao
lado da placa “Quer ser um artista?” serpenteia uma fila incomum.
Homens, mulheres e crianças que se sentem marcados por algum dom,
alguma habilidade que os diferencie dos simples mortais, vêm se
inscrever com o Empresário.
Já
é costume, em cada cidade por onde o circo passa, que ele receba
vários desses tipos com o fim de descobrir algum em especial que
possa lhe despertar o antigo instinto de gerenciar o circo.
Cada
vez menos os verdadeiros artistas surgem, ele pensa. Efeitos
especiais, réplicas de números exaustivamente manjados com roupagem
nova e discurso surpreendente é só o que tem visto.
A
mágica silenciosa e autêntica está relegada a outros tempos. Mesmo
assim, o Empresário não perde a esperança – no fundo, carrega o
sentimento de que, antes do último e definitivo espetáculo, haverá
de se revelar, como já acontecera no passado, um talento ímpar,
inigualável, algo ou alguém que de uma estranha maneira se
assemelhe a ele próprio.
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Escritora potiguar residente em Curitiba.
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