Corpo
* Por
Adriano Nunes
Para
Régis Bonvicino
como
concebê-lo
do
tarso ao cabelo
sem
medo de um erro?
(não
seria um erro?)
como
revirá-lo
(fala,
fome, falo)
no
verso, de fato?
com
um ritmo exato?
como
consegui-lo
agora,
em sigilo,
pra
vê-lo infinito
sob
a luz do escrito?
como
conhecê-lo
pela
pele, apelo
tátil,
em mim mesmo?
(pelo
toque, a esmo?)
como
dissecá-lo
no
vão intervalo
da
vida? (que traço
falta?
forma? braço?)
como
discuti-lo,
sem
qualquer grilo,
sem
os véus do olvido?
(o
que é permitido?)
como
descrevê-lo
com
esmero, zelo,
sem
nenhum tropeço?
(que
regra obedeço?)
como
desvendá-lo
de
vez, num estalo
mágico?
(divago...
pra
que tanto estrago?)
como
descobri-lo
(não
será vacilo
dos
olhos?) do umbigo
à
voz que persigo?
como
devolvê-lo
pleno,
inteiro ou pelo
menos
verdadeiro?
(através
do cheiro?)
como
repensá-lo,
ao
cantar do galo,
conservando
o fígado
friamente
bicado?
como
consumi-lo
(mão,
mente, mamilo)
explícito,
vivo,
sem
um objetivo.
*
Médico e poeta alagoano.
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