A nova televisão
* Por
Rosana Hermann
Quarta-feira à noite. Nos
Estados Unidos, milhões de telespectadores aguardam o início de
mais um episódio da série Lost, atualmente em sua terceira
temporada. O episódio tem um interesse especial para os brasileiros,
a participação do ator Rodrigo Santoro. Os fãs do seriado aqui no
Brasil certamente vão querer assistir. Mas... como? Quando? Bem,
esta resposta tem dois caminhos, o antigo e o novo.
Pelo caminho antigo, teríamos
que aguardar até 2007 para ver o capítulo na televisão, aberta ou
a cabo. Pelo caminho antigo e oficial, teríamos que esperar o ano
que vem para comprar a série em DVD, sabe-se lá quando.
Mas há o novo caminho. Não o
da pirataria, nem da ilegalidade, nada disso. Há uma nova forma de
ver tv. Simultaneamente com os americanos, respeitado apenas o fuso
horário: ao vivo, em streaming, pela Internet, pelas TVS Online.
Nesta quarta-feira, à uma da
madrugada, correspondendo às 9 da noite de Los Angeles, fãs de Lost
viram a estréia pela rede, através da TVU ou da MaxTV belga, por
exemplo, ao mesmo tempo que os americanos. E, claro, é possível ver
várias outras emissoras ao vivo, até a Al Jazeera.
Como? Simples. Baixando os
programas, instalando-os e tendo uma boa conexão em banda larga. A
sensação é maravilhosa, a de ser um cidadão do mundo, sem a
horrível discriminação, por exemplo, do site da ABC americana, que
exibe Lost, que simplesmente não permite que usuários fora dos
Estados Unidos assistam nada, nem os episódios em arquivo. É
revoltante.
Mas graças a essas tvs,
podemos acompanhar cada vez mais canais, mais programas, de graça. A
massa crítica de usuários ainda é restrita, por isso, não há
nenhuma mudança efetiva em relação à grande e poderosa televisão
aberta brasileira. Mas com o tempo, isso vai mudar totalmente. Cada
um vai ver o que quiser, onde quiser, quando quiser, direto de
qualquer lugar do mundo, ou não. A informação circulará
livremente, para quem tem acesso, patrocinada por quem quer ser
visto.
E todos nós teremos esta
sensação de liberdade de escolha, de livre-arbítrio, de sermos
enfim, aquele cliente que sempre teve razão. Nós, os consumidores,
que enfim, movemos o mundo. Um mundo cada vez mais global, a um
clique de nossas mentes.
*Rosana Hermann é Mestre
em Física Nuclear pela USP de formação, escriba de profissão,
humorista por vocação, blogueira por opção e, mediante pagamento,
apresentadora de televisão.
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