Decifrando
enigmas
* Por Pedro J. Bondaczuk
Na
sucessão dramática dos dias,
das
estações, das fases e dos anos,
atônito
face à enigmática Esfinge,
adstrito
à contundente insignificância,
ouço
o repto: “Decifra-me ou o devoro!”
Clone
de Perseu, decadente e velho.
Rosário
infindável de indagações,
coleção,
crescente, de mistérios,
multiplicam-se,
abundam questões,
expande-se,
veloz, a ignorância
face
ao repto: “Decifra-me ou o devoro!”
Aprofundam-se
as contradições,
evidenciam-se
as incoerências,
ficam
obscuras as metáforas,
tornam-se
nebulosas as ciências
e
ouço, sem cessar: “Decifra-me ou o devoro!”
Busco,
em vão, as soluções,
meu
tempo mingua, foge, escasseia,
surgem
novas, complexíssimas questões,
a
dúvida limita-me, me imobiliza
e
ouço o repto: “Decifra-me ou o devoro!”
Densas
sombras me obscurecem a mente...
Espesso
véu de trevas me oprime.
O
tempo passa, os dias pingam, escoam,
mas
não consigo vislumbrar a verdade
face
ao repto: “Decifra-me ou o devoro!”
Luz!
Luz!, brada, desesperada,
a
razão, que se sente corrompida,
imóvel,
presa e manietada.
Corrente
de dúvidas e indagações.
Serei
devorado! Não consigo decifrar a vida!
(Poema
composto em Sumaré, em 10 de outubro de 1974).
*
Jornalista, radialista e escritor. Trabalhou na Rádio Educadora de
Campinas (atual Bandeirantes Campinas), em 1981 e 1982. Foi editor do
Diário do Povo e do Correio Popular onde, entre outras funções,
foi crítico de arte. Em equipe, ganhou o Prêmio Esso de 1997, no
Correio Popular. Autor dos livros “Por uma nova utopia” (ensaios
políticos) e “Quadros de Natal” (contos), além de “Lance
Fatal” (contos), “Cronos & Narciso” (crônicas),
“Antologia” – maio de 1991 a maio de 1996. Publicações da
Academia Campinense de Letras nº 49 (edição comemorativa do 40º
aniversário), página 74 e “Antologia” – maio de 1996 a maio
de 2001. Publicações da Academia Campinense de Letras nº 53,
página 54. Blog “O Escrevinhador” –
http://pedrobondaczuk.blogspot.com. Twitter:@bondaczuk
Vida é substantivo indecifrável.
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