Através
do vidro
* Por
Guilherme Sardas
No
carro da frente,
Um menino me olha sereno
Através do grande vidro traseiro
Um menino me olha sereno
Através do grande vidro traseiro
Ele
estava assustado
Poucos segundos atrás
Com o ritmo ao redor
E o diálogo dos pais
Poucos segundos atrás
Com o ritmo ao redor
E o diálogo dos pais
Mas
quando me viu
As mãos balançando
O sorriso e as caretas
Minha boca elástica
Eu gritava um bolero dramático
Simulava a bateria no ar
As mãos balançando
O sorriso e as caretas
Minha boca elástica
Eu gritava um bolero dramático
Simulava a bateria no ar
Eu
lembrava da piada obscena de minutos atrás
Eu lembrava de esquecer a angústia de ontem
Eu me sentia frágil, apesar de achar que tudo vai bem
E sentia uma vergonha de ver meu corpo tão indisciplinado assim
Eu lembrava de esquecer a angústia de ontem
Eu me sentia frágil, apesar de achar que tudo vai bem
E sentia uma vergonha de ver meu corpo tão indisciplinado assim
O
menino acalmou
Recostou o queixo no encosto do banco
E ficou me olhando
Feito um cãozinho tranquilo
Que não se sente tão só
Recostou o queixo no encosto do banco
E ficou me olhando
Feito um cãozinho tranquilo
Que não se sente tão só
*
Jornalista
e redator publicitário
Nenhum comentário:
Postar um comentário