Rito
de Reiniciação
* Por
Celeste Fontana
Subtrai-me,
Senhor
essa juventude vulnerável
que insiste em ficar,
posto que contrária ao meu tempo
essa juventude vulnerável
que insiste em ficar,
posto que contrária ao meu tempo
Subtrai-me,
Senhor
essas madrugadas sem lua,
sílabas e letras infames
e me refaça em calma de luz
Apascenta-me, Senhor
como à ovelha desvairada
perdida em eclipse lunar
essas madrugadas sem lua,
sílabas e letras infames
e me refaça em calma de luz
Apascenta-me, Senhor
como à ovelha desvairada
perdida em eclipse lunar
Esparge-me
de desejos maternais
Retira-me esse sol vermelho
que insiste em brilhar
Se (im)preciso
Retira-me até o sangue
e aortas e veias
faz-me pura essência de flores
Retira-me esse sol vermelho
que insiste em brilhar
Se (im)preciso
Retira-me até o sangue
e aortas e veias
faz-me pura essência de flores
Retira-me
raízes profundas,
insistência em amar
Retira-me, Senhor
essa incógnita,
porque martírio
insistência em amar
Retira-me, Senhor
essa incógnita,
porque martírio
Coabita
em meu ser e
me transmuta plena
sem desejo de outro
me transmuta plena
sem desejo de outro
Subtrai-me
metade alucinada,
fardofosso do diferente,
sem limites, sem regras
Acalma essa alma,
origem sísmica
porque se faz descabida
profusão de anseios em meu tempo
fardofosso do diferente,
sem limites, sem regras
Acalma essa alma,
origem sísmica
porque se faz descabida
profusão de anseios em meu tempo
Apascenta-me,
Senhor
permita-me alma que não lateja,
não se contrai, não anseia,
porque passageira apenas
permita-me alma que não lateja,
não se contrai, não anseia,
porque passageira apenas
Já
não mais suporto
o do que já me pertence
Revolve a minha terra
e me reconfigura
e ao que de mim simula
impiedade pior
o do que já me pertence
Revolve a minha terra
e me reconfigura
e ao que de mim simula
impiedade pior
*
Poetisa.
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