A morte de Ayrton Senna
* Por
Silvio Lancellotti
Dia
1º de Maio de 1994. Em casa, diante da TV, eu me concentrava para a
transmissão de um cotejo do futebol italiano, na Band. Com Sílvio
Luiz e com Giovanni Bruno, o jogo entre o Milan e a Reggiana, que o
Milan acabaria por vencer, 1 X 0 – e, daí, conquistar o título da
Velha Bota.
Na
mesma data, em Ìmola, também na Bota, acontecia o Grande Prêmio de
San Marino de Fórmula-1, Ayrton Senna no cockpit de uma Williams, o
seu sonho de grande ídolo. Presenciei o acidente do brasileiro. E
intuí que fora gravíssimo. Mas, não pude esperar pelos
desdobramentos. Precisava ir até a Band, para o prélio do Calcio.
Trafeguei tenso, o meu rádio ligado na corrida, as informações
desencontradas se superpondo ao desenrolar do GP.
Comentei
o sucesso do Milan. E, quando o embate terminou, pedi que me
preservassem a imagem e o som da RAI, a emissora peninsular. Claro,
imaginava que a RAI, depois do futebol, certamente exibiria os
rescaldos do GP – e cobriria os eventuais socorros ministrados a
Ayrton Senna.
De
fato, a RAI, fulminantemente, havia deslocado uma equipe completa até
o hospital, em Bologna, para onde o piloto fora transferido de
helicóptero. Presos no trânsito, os colegas patrícios não
chegaram a tempo de verem o que eu vi e de escutarem o que eu
escutei. Por volta da uma da tarde, aqui, quatro horas depois da
batida letal, uma doutora assumiu um microfone e, muitíssimo
constrangida, anunciou: “Silenzio elètrico”. Elia Júnior, o
âncora do “Show do Esporte” da Band, me perguntou pelo
interfone: “Que significa esse tal de ‘silenzio elètrico’.”
E eu arrematei: “Significa que o Ayrton faleceu”.
O
Elia, e a Band, passaram adiante a notícia impiedosa vários minutos
antes de Roberto Cabrini, da Globo – que estava na Bota. Caiu a
ficha. Eu fora o responsável direto pelo furo fatal. Embora um fã
de Nélson Piquet, embora não simpatizasse, pessoalmente, com o
Ayrton, desandei no pranto. Odiei estar ao vivo naquela situação.
Confesso, aliás, que chorei a tarde toda.
*
Diplomou-se
em Arquitetura. Trabalhou na revista “Veja” de 1967 até 1976,
onde se tornou editor de “Artes & Espetáculos”. Passou por
“Vogue”, agências de publicidade, foi redator-chefe de “Istoé”,
colunista da “Folha” e do “Estadão”, fez programas de
gastronomia em várias emissoras de TV, virou comentarista de
esportes da Band, Manchete e Record, até se fixar, em 2003, na ESPN.
Trabalha, além da ESPN, na Reuters, na “Flash”, no portal Ig e
na “Viva São Paulo” e é sócio da filha e do genro na
Lancellotti Pizza Delivery – site de Internet
www.lancellotti.com.br.
Nenhum comentário:
Postar um comentário