Nova York, Cidade dos “Todos”
* Por Carlos Zev Solano
Todos os doidos estão lá,
todas as modas dão seu ar da graça naquele lugar, todas as raças,
credos, nacionalidades aparecem por ali. Onde mais se encontram
pessoas que saem correndo dos prédios já pela manhã? E donde vem
aquela praticidade que lhes é familiar? Você, por acaso, em algum
momento se deparou com as embalagens deles? São demais, tudo abre
como um simples ziper. Sabe aquela guloseima que de tão mal embalada
demora-se horas para abrir e quando abre caí tudo no chão e você
morre de raiva? Pois é, isto é impensável nesta cidade. Todas as
embalagens são simples.
Aliás, outra particularidade
é que toda e qualquer cena inusitada se vê por lá. E o mais
curioso é que todos fazem aquele olhar blasé, como se nada
estivesse acontecendo. Pode-se encontrar numa esquina o Stomp dando
um show, no meio da rua, em plena Times Square e tem-se a impressão
que é a coisa mais normal do mundo. E que tal entrar numa boate e
somente ser capaz, passados alguns minutos, perceber que está num
salão de beleza?! E se do nada você se depara com uma loura linda
totalmente nua protestando contra a venda de peles de animal em pleno
e rigoroso inverno nova-iorquino? O que pensar de um local assim?
Lá, até mesmo o conhecido
mau-humor dos sitiantes possibilita cenas incomuns, imagine um
daqueles postes – a impressão que se tem é que todos os policiais
têm mais de dois metros – fazendo poses ao direcionar o trânsito.
E uns gays que saem com suas calças totalmente transparentes usando
calcinhas vermelhas por baixo? Impossível não chamar a atenção
não é? No entanto, depois de um tempo, você acostuma, pois estas
cenas são mais comuns do que se idéie.
Lembra daquele maluco
corredor? Pois é, a vontade que tive no primeiro dia, logo ao
chegar, foi parar o sujeito que saía correndo pela portaria e
perguntar: “Hei, aonde se vai com tanta pressa?” ou ainda “Você
também corre dentro elevador ou veio mesmo pela escada?”.
Outra, tem uma pizzaria
fast-food na Rua 34 em que o atendente nunca espera você pensar no
seu pedido. Titubeou por um segundo, ele dispara: “next”, ou
seja, bobeou, volta para o fim da fila. Na hora dá vontade de soltar
um palavrão, mas a cena é tão cômica que você se vê lá parado
com cara de babaca e desanda a rir. O que fazer diante de um sujeito
que nem pisca e berra “next” umas duas mil vezes por dia?
Esta é Nova York, uma cidade
levada a sério por todos, mas hilária com todos,... Todos estes
nova-iorquinos, todos loucos.
* Jornalista
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