Viagem ao inferno
* Por Eduardo Oliveira Freire
I
Sempre quis ser o
único; por isso, matou o irmão gêmeo. Quando foi ao inferno, havia vários
clones seu, querendo brincar com ele.
II
Onde estou? Que lugar
repleto de mau gosto! Uma gritaria ensurdecedora. Pessoas mal vestidas
transitando por todo lado. Música horrenda. Sinto náuseas. Quero ir embora! As
crianças me torturam e os pais acham lindo e incentivam. O animador da festa
parece ter problema de hipertireoidismo, está a mil por hora e manda que as
crianças joguem tinta no meu rosto. A festa tem tantas informações e um
colorido bizarro que o meu cérebro não consegue processar. Estou num abismo.
Alguém me salve! Por que ninguém me ajuda?...
III
Desde sempre ele
escutava que no inferno havia terríveis torturas. Masoquista, desejava
fervorosamente ir para lá. Quando morreu foi condenado a viver eternamente no
céu e a aturar os cânticos dos anjos.
IV
Cansado e doente teve
que retornar à casa dos pais, depois de ter jurado que nunca voltaria. A partir
daí, é obrigado a ouvir todos os dias, palavras não muito carinhosas...
***
POSFÁCIO
Alguns dizem que a
visão do inferno varia de acordo com os medos e a repulsa que cada indivíduo
sente. Portanto, o que ele mais detesta, é a sua estada ao inferno.
*
Formado em Ciências Sociais, especialização em Jornalismo cultural e aspirante
a escritor - http://cronicas-ideias.blogspot.com.br/
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