A arte de Felinho
* Por
Clóvis Campêlo
Assim como Nelson
Ferreira, Felinho nasceu na cidade de Bonito, no agreste pernambucano, no dia
14 de dezembro de 1895. Morreu no Recife, em 9 de janeiro de 1980, pobre e
esquecido, segundo o site Overmundo.
Aliás, ainda segundo o
site Overmundo, Felinho integrou a Orquestra do Centro Musical Pernambucano e
em 1931 foi clarinetista do Teatro Helvética. A convite do maestro Nelson
Ferreira, passou a tocar saxofone no conjunto da Rádio Clube de Pernambuco,
permanecendo ali por 20 anos. Foi primeiro flautista da Orquestra Sinfônica do
Recife até sua morte, mas ficou famoso foi pelas divinais variações que criou
no saxofone para o frevo "Vassourinhas" e pela criação de
"Formigão".
Segundo Renato
Phaelente, no seu livro MPB -
Compositores Pernambucanos, Felinho teve um ensinamento musical tão profundo,
que aos 15 anos de idade tornou-se regente de bandas de música de várias
cidades pernambucanas. Ainda segundo Phaelante, aprendeu a tocar clarinete com
o clarinetista Antônio de Holanda. No Recife, criou o Quarteto de Saxofones
Ladário Teixeira, ao mesmo tempo em que participava da Orquestra de Concertos e
participou, com flautista, da inauguração da Orquestra Sinfônica do Recife.
Ainda segundo Phaelante, As variações para clarinete, introduzidas por ele no
frevo Vassourinhas, gravado em 1956 com a orquestra do maestro Nelson Ferreira,
tornaram-no conhecido e admirado por todos os amantes da música.
Em um dos seus livros
de memórias, Liêdo Maranhão lembra que na mocidade frequentava os
"assustados" na casa de Felinho, no bairro de São José, onde morava.
O vídeo acima nos
mostra a figura bem comportada de Felinho, que na verdade se chamava Félix Lins
de Albuquerque, enquanto a sua improvisação com o clarinete pode ser ouvida e
admirada. Na verdade, essa gravação bastante convencional de Vassourinhas
salva-se pelas variações geniais de Felinho. Ele recria a música com tanta
competência e convicção que chega a tornar-se quase seu co-autor.
Isso me lembra o caso
do grupo britânico Procol Harum, onde na música A White Shade of Pale o solo de
teclado feito pelo organista Matthew Fisher deram-lhe na justiça o direito a
40% da autoria da canção.
Em tempo de
proximidade do carnaval, vale a pena relembrar de Felinho, o mago do clarinete
que recriou Vassourinhas.
Saravá!
* Poeta, jornalista e radialista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário