Indiferente
* Por
Eduardo Oliveira Freire
"Odeio
os indiferentes. Acredito que viver significa tomar partido. Indiferença é
apatia, parasitismo, covardia. Não é vida. Por isso, abomino os indiferentes.
Desprezo os indiferentes, também, porque me provocam tédio as suas lamúrias de eternos
inocentes. Vivo, sou militante. Por isso, detesto quem não toma partido. Odeio
os indiferentes”. Fonte: Quinzena, nº 236. São Paulo,
CPV, 31.08.96, p.32. Antonio Gramsci.
Vi um assassinato,
merda! Não posso me preocupar com isso. Tenho prova amanhã cedo na faculdade,
preciso arranjar emprego; levar o cachorro ao veterinário, comprar as coisas
para o churrasco do final de semana. Nem conheço o cara que foi morto. Tenho
muitos problemas para resolver. Bem, estava equivocado...
Meses depois, fiquei
perplexo com o sumiço de minha noiva e com um bilhete curto: "estou indo
embora, não te amo mais" , pedi à sua mãe que me deixasse ir ao quarto da
filha. Ao vasculhar todo o lugar, descobri o diário dela: "...estou
apaixonada por ele e esta paixão me deixa louca. Ele me revelou sua profissão,
tive medo e ao mesmo tempo excitação. O meu namorado é indiferente, já o outro
é quente e atencioso. Um dia, comentou que me viu saindo com Jorginho e que eu
parecia estar. Falou que o reconheceu, quando assassinou seu desafeto... Quis
matá-lo, também, mas, o meu namorado não fez nada como sempre (vive só para
si!!!). Então, Márcio decidiu deixar pra lá e poupar a vida Jorginho . Disse
que vai fazer o último serviço, que custará uma boa grana. Depois, a gente vai
fugir para um lugar tranquilo. Não vamos passar aperto".
Pois é, deveria ter
denunciado aquele cara. Agora, serei alvo de fofoca de toda a vizinhança. Mas o
tempo passa. Esse caso que aconteceu comigo se tornará indiferente para mim e
aos outros.
Cairá no esquecimento.
*
Formado em Ciências Sociais, especialização em Jornalismo cultural e aspirante
a escritor - http://cronicas-ideias.blogspot.com.br/
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