Invenções de Ano Novo
* Por
Analu Faria
Deixei as resoluções
de fim de ano para lá, desta vez. Não me pergunte por quê. Será que 2016 foi
louco demais? Será que é isso? Ainda assim, fui feliz este ano (mas não
gostaria de alongá-lo, obrigada, já deu). Gratidão? Ah, sim, claro, sempre!,
mas 2016 já poderia ter terminado lá para outubro.
Em homenagem a este
ano que mais pareceu uma novela mexicana, resolvi mexicanizar e, em vez de
resoluções, pensei em invenções e medidas esdrúxulas que eu queria ver
realizadas em 2017. Aí vão:
1) uma lei (talvez
precisasse ser uma emenda constitucional) que permita que não haja data final
fixa para nada. Dessa forma, teríamos o início de prazo para, por exemplo, a
entrega da declaração do imposto de renda, mas o prazo final poderia ser
anunciado pela autoridade competente uns dois dias antes. A vantagem disso é
que a gente nunca faria nada em cima da hora. Ah, e correria menos risco de
desistir dos projetos, tipo: “tô pensando em fazer aquele concurso, mas como o
prazo de inscrição ainda não acabou, eu posso pensar mais um pouquinho”. Em
geral, a gente não faz o concurso;
2) uma tecla de
silêncio para discussões políticas pautadas por abilolamentos de esquerda ou
falta de noção de pessoas de direita. Assim, quando alguém começasse a dizer
que não existem presos políticos em Cuba ou que bom mesmo era na época dos
militares, você poderia simplesmente apertar essa teclinha e deixar as pessoas
no mute, balançando a cabeça de vez em quando, para fingir que concorda;
3) uma máquina que
abra potes de vidro (como os de palmito);
5) uma máquina que
dobre aqueles lençóis que têm elástico;
7) remuneração por
elogio; quanto mais convincente, maior a remuneração, que seria feita pelo
elogiado; brincadeiras que desvirtuassem o esquema seriam punidas com o
pagamento por parte daquele que a fizesse (ex.: chamar um careca de cabeludo,
como “elogio”, seria desvirtuamento.);
8) açúcar que não
engordasse e te fizesse mais saudável — melhorasse o colesterol, os
triglicérides, regulasse os níveis de ferro no organismo etc.
9) multa para o uso
excessivo das expressões “paradigma” e “agregar valor”.
E você? O que gostaria
de ver “inventado” em 2017?
Feliz ano novo e que
ele possa ser cheio de boas esdruxulices.
*
Jornalista.
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