Cruz e Sousa quase esquecido
* Por
Luiz Carlos Amorim
Mais um aniversário do
poeta maior de Santa Catarina, Cruz e Sousa: ele completaria, hoje, 24 DE
NOVEMBRO, 155 anos e a programação comemorativa da capital se resume à exibição
de alguns banners com pequenos trechos da sua obra nos muros do Palácio que
leva o seu nome, no centro da capital. Trata-se da “exposição” “João da Cruz e
Sousa, o poeta da Ilha”, já exibido em 2015, como comemoração dos 154 anos do
poeta.
Cruz e Sousa é um nome
nacional, o principal ícone da literatura de Santa Catarina, um dos principais
do país. E o seu aniversário de nascimento passa quase em branco, na sua cidade
natal.
O “Memorial”,
construído em sua homenagem, nos jardins do Palácio Cruz e Sousa, inaugurado em
2010, mas nunca usado, está apodrecendo no tempo, abandonado, e ninguém move
uma palha para restaurá-lo, torná-lo visitável, usável. Que Estado é esse, que
não dá o mínimo valor à cultura, que não se preocupa em resgatar seus maiores
valores?
Nenhuma homenagem que
fosse feita, nenhuma comemoração poderia ter lugar no Memorial que foi feito
para celebrá-lo, pois ele ficou entregue ao tempo, sem nunca ser usado, nem com
eventos culturais, nem para visitação, finalidades primeiras do lugar, só
deteriorando sem nenhuma manutenção. Várias promessas já foram feitas, por
sucessivas “administrações” da Fundação Catarinense de Cultura e da Secretaria
de Cultura, Esporte e Turismo, mas nenhuma obra sequer foi iniciada. Anos se
vão e novos anos se iniciam, sempre com promessas, mas nunca nenhuma foi
cumprida. A morada do grande ícone do Simbolismo virou depósito de móveis
velhos, caindo aos pedaços.
Mas tem mais. Filipe
Mello, que esteve até recentemente à frente da Secretaria do Esporte, do Turismo
e da Cultura, em Santa Catarina – ele é contrário ao desmembramento da pasta,
para que se crie uma secretaria exclusiva para a cultura - deu entrevista a
vários jornais catarinenses, há alguns meses, sobre as ações principais que
iria implantar em seu mandato. Uma delas era a “reutilização” dos jardins do
Palácio Cruz e Sousa, que previa a disponibilização do espaço, por meio de uma
taxa cobrada pela FCC, para apresentações artísticas, casamentos, lançamentos e
eventos de negócios, por exemplo. Quer dizer: pretendia transformar o Memorial
em salão de aluguel. Mas nem isso fez.
Isso é honrar a
memória do grande Cruz e Sousa?
*
Escritor, editor e revisor – Fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA,
que completou 36 anos em 2016. Cadeira 19 da Academia Sulbrasileira de Letras.
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