Descasquei o sabiá
* Por
Ana Deliberador
Florindo era o
barbeiro mais requisitado da cidade. Prestativo, caprichoso e, sobretudo, bom
ouvinte.
Naquela manhã de
segunda, como já acontecia ha algum tempo, foi atender, em casa, seu Pedro S.
– Bom dia seu Pedro.
Como tá o senhor? Melhorou?
Recostado nos
travesseiros, abatido, faces encovadas, o homem respirou fundo, como que
buscando forças.
– Home, tô muito
bom. Tanto que essa noite dei duas na
veia e de manhã ainda “descasquei o sabiá”!
O barbeiro,
discreto, olhou de soslaio, contendo o
riso. Quando se preparava para fazer um comentário descompromissado, entra no
quarto a esposa do “prodígio”.
– Florindo de Deus! O
Pedro passou tão mal esta noite! Urinou na cama duas vezes. Tive que trocar
toda a roupa dele e da cama duas vezes!
* Professora, pintora e escritora
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