Assalto à mão armada
* Por
Leonardo Marona
suando e tremendo e
sinta só meu coração valente
escorrendo a beleza
única dos olhos vidrados
quero escrever teus
ossos tua carne e pelos
preciso romper na tua
carne o prazer do dia
tuas costas teus
ombros teus dedos olhos nariz sobrancelhas
e meu deus esqueça as
linhas exatas quero ser atropelado
e fazer torta minha
estrofe ansiosa de margens
curta e longa e curta
e longa como nosso ritmo é preciso
variar através dos
tempos porque agora aqui é o início dos tempos
quero que um carro me
atropele
quero que um cachorro
morda meu tornozelo com raiva
quero cair do mais
alto penhasco
quero colocar pedras
nos bolsos e submergir no rio
quero um tiro no peito
e gritar ó minha dulcinéa!
e te juro meu amor eu
cairei sorrindo e te darei meus dentes
e gengivas e sexo e
pudor e sorrisos tímidos eu te darei a mim
eu quero te engordar
eu quero te engordar eu quero te engordar
eu quero rasgar esta
página e fazer com ela pássaros sombrios
algo precisa acontecer
uma catástrofe
ou do contrário
estarei apaixonado
e apaixonado você
disse para isso não é preciso muita coisa
uma aqui outra ali mas
que se dane como é isso
o que é preciso é
preciso ou do contrário...
afogado em banheira de
hotel congelado em desamor russo
é preciso que de
alguma forma eu me desintegre
e retome o espírito
ancestral sem causa e com fome
mas eles chegaram
finalmente os homens com trabucos
eles não pediram
identidade ou permitiram o desejo final
entraram e eram
finalmente os piedosos em ação
a gente vai se
tornando a gente muito lentamente
não dá tempo de mudar
nada eu pensei quando o tiro
finalmente me fez em
vermelho e eu estava com flores para ti.
*
Poeta e escritor.
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