Um poeta que emociona e faz pensar
O filósofo norte-americano Will Durant escreveu, em
determinado trecho do seu clássico “Filosofia da vida”, que “todas as verdades
são velhas e só os poetas e loucos podem ser originais”. A muitos pode parecer mera
frase de efeito, mas não é. Afinal, trata-se da constatação de um pensador
realista, com os pés no chão, que se caracterizou pela precisão e objetividade.
Portanto, se você, leitor, estiver à procura de novas verdades (ou mesmo de
velhas, mas sob novas roupagens), não as encontrará em tratados de Filosofia,
em romances, em contos ou novelas. Achará, somente, na poesia. Ou nos delírios
dos loucos, que muitas vezes são até mais lúcidos e sensatos do que os tratados
de renomados mestres do pensamento racional.
O bom poeta é aquele que reúne, simultaneamente, um vasto
conjunto de virtudes. Sabe expressar emoções de sorte a tornar seus leitores
cúmplices de cada uma, ou melhor, de todas elas. É o que emociona, convence,
machuca, sara as feridas, mas que, ao mesmo tempo em que atinge nossa sensibilidade,
tem o poder de nos suscitar profundas reflexões, mesmo á nossa revelia. Ao
mesmo tempo em que chega, de mansinho, ao nosso coração, invade, de supetão,
sem nenhuma cerimônia, nossa inteligência, forçando-nos a raciocinar. É certo
que poetas assim são relativamente raros. Wilbett Oliveira é um deles.
Tenho em mãos um livro inteiro, de 315 páginas, que comprova
essa característica deste autor, “metade mineiro e metade capixaba”. Refiro-me
a “Poestiagem – Poesia e Metafísica em Wilbett Oliveira”, coletânea de análises
críticas organizada por Abrahão Costa Andrade, lançado há cerca de um ano pela
Editora Opção. O livro contém nove capítulos, reunindo críticos literários,
ensaístas e filósofos de reconhecido saber nos mais variados campos do
conhecimento, esmiuçando a poesia wilbetteana sob diversos ângulos a que ela se
presta. Tive o privilégio e a honra de participar dessa coletânea,
apropriadamente caracterizada como “Fortuna crítica”, na companhia de oito “sumidades”
das artes e da cultura.
O primeiro capítulo, intitulado “Poesia e metafísica: um mosaicum
para Wilbett Oliveira”, é de autoria do organizador dessa oportuna coletânea,
Abrahão Costa Andrade. Trata-se de um intelectual com brilhante e vasto
currículo. Ele é, entre outras tantas coisas, poeta, ensaísta, mestre e doutor
em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP). Além de professor, é autor
de cinco livros, entre os quais “Educação do esquecimento”. O capítulo seguinte, intitulado “A poesia sob
o olhar gris de Wilbett Oliveira”, coube à brilhante poetisa, mestre e
doutoranda em Letras, Karina de Resende Tavares Fleury, autora, também, do
prefácio e do texto da contracapa. Ela tem em seu currículo quatro livros
publicados.
O terceiro capítulo, “Dizeres filosóficos nada poesia de
Wilbett Oliveira” é de autoria do filósofo Joelson Pereira de Souza, mestre em
Filosofia pela Universidade São Judas Tadeu. A análise seguinte, “Peripécias de
um camaleão: sobre a poesia de Wilbett Oliveira”, coube ao eminente escritor
Rodrigo da Costa Araújo, doutorando em Literatura Comparada e mestre em Ciência
da Arte pela Universidade Federal Fluminense. O próximo capítulo, “A poesia
nossa de cada dia na precariedade do existir: o universo poético de Wilbett
Oliveira” é de autoria Pós-Doutor em Artes (Literatura e Cinema), Joel Cardoso,
Doutor em Letras, Literatura Brasileira e Intersemiótica.
O sexto capítulo, “Garimpando a poética wilbetteana” é de
Ester Abreu Vieira de Oliveira, poetisa, ensaísta e mestre em Língua Portuguesa
pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Tive o privilégio de redigir o
sétimo capítulo. Nele abordei “O credo poético de Wilbett Oliveira”. O
penúltimo capítulo foi escrito pela professora Levinélia Barbosa. Ela é graduada
em Literatura Brasileira e leciona essa matéria, além de Língua Portuguesa, há
18 anos. A ilustre mestra abordou o tema “Trilogia da consagração: sobre os livros
‘Sêmen’, ‘Salignalinguagem’ e ‘Gris’, de Wilbett Oliveira”. Quem, finalmente,
encerra esta valiosa (e imperdível) coletânea é a escritora e filósofa Geyme
Lechner Mannes, que analisa “O sal na linguagem poética de Wilbett Oliveira”.
Conheci esse poeta há mais ou menos três anos, quase que por
acaso. Vi um de seus livros na prateleira de uma livraria, cujo título
chamou-me a atenção. Decidi adquiri-lo. Li-o, praticamente num único “sopro” e
decidi relê-lo. Reli-o, todavia, não só uma, mas diversas vezes. Desde então,
tive acesso a outros tantos livros de Wilbett Oliveira, alguns adquiridos em
livrarias e outros presenteados pelo próprio poeta, enriquecidos, neste último
caso, por gentis dedicatórias dele. A cada leitura, minha admiração por seu
talento e sabedoria só crescia. Pudera! Trata-se de uma poesia como tanto
gosto, que satisfaz todas minhas expectativas, pois, além de me emocionar, me
induz à reflexão. Partilho com você, prezado leitor, amante das Musas, estes
versos do poema “Salmodiar”, apenas para deixá-lo “com água na boca”, com
aquele gostinho de “quero mais”:
“entre a mão e a voz
o amor suplanta a fratura
de realidades esfaceladas
entre o incerto e o atroz”
Boa leitura!
O Editor.
Acompanhe o Editor pelo twitter: @bondaczuk
Conheço um pouquinho da poesia de Wilbett Oliveira. Espero conhecê-la mais.
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