Choro
* Por Sayonara
Lino
Outro dia ouvi algo incômodo:
chorar é sinal de fraqueza. Há várias formas de externar a dor, e o choro é uma
delas. Tirando os excessos, porque aí pode ser mais que apenas tristeza, chorar
faz parte do processo de cura, alivia e ajuda a nos reestruturarmos.
Fraqueza coisa nenhuma, chorar é para
quem tem capacidade de demonstrar o que sente. Seres humanos sofrem, têm
emoções, seguram quando necessário e as liberam em um momento oportuno. Ou
então quando não há mais controle e o choro vem a qualquer hora: na fila do
banco, no consultório do ginecologista, no enterro da tia-avó, no casamento da
amiga, na ópera, na capela, no churrasco da turma, no telefone com quem você
precisa dizer uma verdades.
Vêm os choros que não foram chorados,
os da infância, os da adolescência, o daquele dia em que você perdeu o emprego,
daquele fora que levou, da perda de alguém querido, de desespero ou mesmo
felicidade. Despeje, lave a alma, fique à vontade, ainda não há lei que proíba
o choro. Que assim seja.
Chorar no chuveiro é válido. Quem não
chora na frente de terceiros costuma utilizar esse recurso. Isso mesmo,
prossiga, coloque uma música nostálgica para incentivar, é funcional. Lave
corpo e mente, agache, apóie a cabeça na parede e sinta o que tiver que sentir,
fique com a cara vermelha feito pimentão, mas por obséquio, não guarde, para
não endurecer e ficar feito rocha, que é tudo o que não nascemos para ser.
* Jornalista, com especialização em Estudos Literários
pela Universidade Federal de Juiz de Fora e atualmente finaliza nova
especialização em Televisão, Cinema e Mídias Digitais, pela mesma instituição.
Diretora de Jornalismo e redatora da Revista Mista, que é distribuída
em Governador
Valadares , Ipatinga e Juiz de Fora, MG e colunista do portal www.ubaweb.com/revista.
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