A bomba nuclear ou um asteroide
* Por
Francisco Simões
Nos tempos em que
vivemos atualmente tudo pode acontecer. O Bush deixou de ser ameaça faz tempo,
saiu de cena, mas surgiu um neto herdeiro de trono, com jeito de enrustido, do
outro lado do planeta, querendo brincar de fazer guerra.
Gordinho, com cabelo a
“La Neymar”, estilizado, o oriental poderoso não deve ter tido tempo de brincar
quando criança e agora pensa que o mundo é dele, talvez um imenso brinquedo ao
qual ele não cansa de fazer ameaças e exibir bombas e mais bombas. Se algum dia
ele se zanga mesmo e tem crise de “ai, ai, ai”, chuta o balde e joga toda sua
incompetência no ventilador. O mundo que se dane, e ele também.
O fato é que vivemos
um tempo de ameaças, muitas, que até do espaço elas vêem. De repente algum
asteróide tem uma rota de colisão e ... pimba, o que será que vai sobrar? Pois
já em 1999 eu escrevi o poema “A Última Notícia”. Eu me imaginei sentado num
meio fio olhando para o mar que fugia no horizonte. Perto de mim um sinal
parara no verde, para nada, o vermelho já parara tudo. Aí eu escrevi:
...“Na
solidão do mudo sentei
No
silêncio da vida chorei
Olhei
para o alto e orei
Mas
ainda haveria Deus?”...
No final eu descobri,
pelo olhar da barata que me fitava espantada, que eu era a última notícia.
Por favor, leiam este
meu poema, amigos e amigas. Não creiam que eu exagero, infelizmente o que
descrevo um dia poderá sim acontecer. Até o próximo mês.
(Maio/2013)
A ÚLTIMA NOTÍCIA
“Atenção,
muita atenção
Para
a última notícia.”
(e
seria a última mesmo)
A
voz lúgubre noticia
No
espaço vazio, a esmo,
A
última notícia.
Nem
chegou a ser a última
Porque
não chegou ao fim.
Nem
mais ouvidos havia
Para
escutar a notícia.
A
cidade ficara surda,
A
pátria estava surda,
O
mundo já nada mais ouvia.
Nem
ouvia o beija-flor,
Nem
a flor mais pediria
Um
beijo ao beija-flor.
Nem
o amor venceria,
Nem
o amor ouviria,
Fora
vencido o amor.
A
aurora ainda viria
Mas,
não acordaria a vida
Que
também fora vencida.
A
lua ascenderia
Descendo
seu prateado
Nos
corpos dos namorados
Que
também já não amavam,
Mas
estavam abraçados.
Na
solidão do mundo sentei,
No
silêncio da vida chorei,
Olhei
para o alto e orei.
Mas,
ainda haveria Deus?
O
sinal estava verde, pra nada.
O
vermelho parara tudo,
Crentes,
dementes, ateus.
Só
uma barata atravessava a rua.
O
trânsito, parado e mudo.
O
mar fugira no horizonte.
No
horizonte havia um monte
De
ossos partidos,
De
ferros distorcidos,
De
verdade nua e crua,
De
justiça social.
Enfim
todos eram iguais,
Estavam
nivelados no nada.
O
nada então era tudo.
Pacifistas,
ecologistas,
Políticos,
poetas, o bem, o mal,
Enfim
todos eram iguais.
Não
se ouviam mais protestos
Apenas
eu tinha ouvido
Um
derradeiro gemido
Mas,
não a última notícia.
“Atenção,
atenção...”
E
não havia mais plantão
E
nem havia notícia.
Perplexa
e intrigada
A
barata me encarava.
Eu
era um resto de nada,
Ela,
um saldo de tudo.
Pensei:
“A História, a Ciência, a Cultura,
Tudo,
tudo agora perdura
Na
poderosa barata.”
E
perplexa ela me olhava
Enquanto
eu expirava
Junto
com a paz fictícia.
Foi
aí que eu percebi
Que
para a barata eu era:
“A
última notícia.”
• Jornalista, poeta e escritor
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