O
Santo que morreu nas correntezas do Velho Chico
* Por José Calvino
Em 1957, freqüentei o
Curso de Iniciação ao Cinema, promovido pelo Centro de Orientação
Cinematográfica. Relendo sobre a responsabilidade dos diretores do cinema, um
trabalho que é árduo, pois dele todos da equipe esperam segurança, tanto na
escolha dos planos como na condução da filmagem, tecnicamente falando. Ele deve
saber até onde vão suas limitações técnicas e possibilidades com os
equipamentos disponíveis, para que não peça coisas impossíveis... Por exemplo:
no filme “Os brutos também amam”, com Alan Ladd, para fazer o papel o diretor
recorreu a uma tapa no rosto do ator para que ele encenasse bem o personagem de
bruto.
Quem conheceu o
dramaturgo Ariano Suassuna sabe que ele recusou os Prêmios Shell e Sharp.
Entretanto, aceitou as exigências do então diretor da Rede Globo José Bonifácio
o “Boni”.
A morte de Domingos
Montagner, o intérprete de Santo, nas correntezas do Rio São Francisco é um
caso a se analisar. Na ficção, tudo aconteceu pelas águas do Velho Chico. Mas,
no dia 15 de setembro, em Sergipe, aconteceu na vida real o mesmo com o intérprete
de Santo, que ficou desaparecido no Velho Chico após um mergulho durante as
gravações finais da trama, seu corpo foi encontrado preso nas pedras (sic).
Pois as águas que o levaram e o trouxeram de volta na ficção, não fizeram o
mesmo na vida real. E foi assim que Domingos morreu nas correntezas do Velho
Chico.
* Escritor, poeta e
teatrólogo pernambucano.Vejam e sigam Fiteiro Cultural: Um blog cheio de
observações e reminiscências – http://josecalvino.blogspot.com/
Quando as pessoas reclamam que as novelas ensinam as pessoas a serem más, ardilosas, traiçoeiras, retruco que a novela copia a vida. Sem intriga, não há enredo. Mas nessa daí houve a contra-mão. A vida, ruidosamente copiou a novela.
ResponderExcluir