Fuja do pessimista
O pessimismo, o
negativismo e o derrotismo são sumamente contagiosos. Distorcem a realidade e
fazem com que vejamos o mundo sob lentes distorcidas. Quem se entrega a esse
tipo de comportamento nos induz, subjetivamente, à implícita e doentia idéia de
que a vida é um castigo e que nunca vale a pena. Evidentemente, estão errados.
Sem que seja sua
deliberada intenção, causam um grande mal aos que os rodeiam e com eles
convivem. A vida é, isto sim, um privilégio, uma oportunidade, uma bênção e
sempre vale a pena. Torná-la boa ou ruim está em nossas mãos, Depende do nosso
empenho, do nosso preparo, da nossa capacidade de adaptação e de superação de
crises.
O pessimista enxerga o
mundo sob lentes distorcidas. Pessoas assim apostam na infelicidade e são, de
fato, infelizes. E, o que é pior, contagiam quem está ao seu redor. Aliás,
sempre que se levanta o tema felicidade, a maioria das pessoas (com grande dose
de razão) retruca que é impossível ser totalmente feliz quando o mal prepondera
no mundo.
Citam-se, amiúde, a
violência em todas as suas variadas formas, as injustiças, a miséria, as
doenças, a fome e tantas e tantas coisas ruins que nos acontecem ou que tomamos
ciência, diariamente, pelos meios de comunicação. Tudo indica que a maldade
está triunfando sobre o bem.
É importante ter essa
consciência, mas ela de nada vai valer se não agirmos para melhorar o mundo. Se
nos limitarmos, somente, a reclamar e a criticar, não haverá, mesmo, esperança
para ninguém. Temos que fazer alguma coisa. O quê? Cada um que conclua por si
só. Como a maldade parece estar triunfando... conclui-se que os bons vêm
cometendo o pecado mortal da omissão.
Por mais que busquemos
a perfeição (o que é legítimo, embora se trate de uma impossibilidade, dados
nossos defeitos e limitações), a vida é feita de escolhas. Há os que optem por
serem apenas amados, com o que se dão para lá de satisfeitos. Incluo-me entre estes.
Há, porém, quem não se
importe tanto com afetos e que queira ser admirado, ou pelo que é ou pelo que
faz. Há, também, os mais ambiciosos, que querem as duas coisas. Ou seja, serem
amados e admirados, simultaneamente. E existem, ainda, inúmeras outras opções,
de todos os tipos e naturezas.
Nem sempre o
desentendimento entre pessoas que pensam de formas diferentes é um mal, desde
que se dê de forma respeitosa, civilizada e em alto nível. O conflito, nessas
circunstâncias, gera energia que, se bem-direcionada, tem um alto potencial
construtivo.
Para isso, todavia, é
indispensável que haja vontade das partes de se chegar a um denominador comum.
A democracia, por exemplo, ao contrário do que muitos pensam, não é a
automática anuência de todos com tudo o que se propõe ou que ocorre na
sociedade. Pelo contrário, é, isto sim, a administração de conflitos. Estes
apenas inexistem nas ditaduras, onde a palavra do ditador é a lei.
Victor Hugo escreveu,
com lucidez, a respeito: “Do atrito de duas pedras chispam faíscas; das faíscas
vem o fogo; do fogo brota a luz”. Por isso, não há porque considerar quem
discorde de nós como nossos inimigos. Eles podem, em vez de nos aborrecerem,
serem nossos aliados, à sua maneira, na conquista dos nossos objetivos.
Divergir de qualquer
pessoa, portanto, não implica em a considerarmos, liminarmente, como nossa
inimiga. Divergências tendem a ser, salvo raríssimas exceções, sadias. São
visões diferentes da mesma realidade e por isso devem ser normais em
relacionamentos de alto nível.
É do embate civilizado
e respeitoso de idéias que emerge a verdade. Trata-se de uma postura de almas
nobres e de mentes lúcidas e esclarecidas. Aliás, esse é o comportamento típico
de amigos que realmente se gostam, se respeitam e querem o melhor, um para o
outro.
A concordância, para
ser válida, tem que ser consensual, fruto da força dos argumentos. Jamais pode
ser obtida com o recurso de qualquer espécie de violência, quer psicológica,
quer cultural, afetiva ou, principalmente, física, que é inconcebível em toda e
qualquer circunstância.
São incontáveis as
pessoas que passam, casualmente ou não, por nossas vidas, a maioria sem deixar
a mínima marca da sua passagem. Muitas, no entanto, tornam-se fundamentais,
quando não decisivas, para nós, no aspecto positivo ou no negativo.
Algumas nos despertam
amor, outras ira, outras, ainda, piedade e assim por diante. A importância da
nossa postura, nesses relacionamentos, mesmo que fortuitos, é fundamental.
Tanto podemos, com nossas atitudes, exemplos e palavras, ser decisivos na vida
de alguém, imprescindíveis para a sua felicidade, quanto nos constituirmos em
uma grande desgraça para essa pessoa.
Daí a necessidade de
sermos sempre gentis, solidários, construtivos, bem-humorados e, sobretudo, otimistas.
E, para evitarmos aborrecimentos inúteis e até o contágio por esse vírus
característico dos infelizes e dos perdedores, fujamos dos pessimistas. Esses
só vêem fracassos, perigos, maldades e segundas intenções em tudo e todos, com
ou sem fundamento.
Boa leitura!
O Editor.
Acompanhe o Editor pelo twitter: @bondaczuk
Boa essa: a Democracia é a administração de conflitos.
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