Breves considerações sobre as
Olimpíadas
Os Jogos Olímpicos são, grosso modo, pelas próprias
modalidades esportivas que integram essa competição mundial, a superação dos “quatro
mais”: mais forte, mais rápido, mais alto e mais longe. Isso, nos esportes
individuais. Nos coletivos, podemos considerar um quinto “mais”: o mais eficiente.
Ou seja, a equipe que consegue maior quantidade de pontos (gols, cestas etc.etc.etc.).
As chamadas “Olimpíadas”, até serem
proibidas, em 393 da nossa era, pelo imperador cristão Teodósio I, tinham essa
denominação por serem disputadas aos pés do Monte Olimpo. Aliás, a proibição se
deu exatamente por esse motivo. Por se tratar de um evento nitidamente pagão,
pelo menos na sua origem e na sua essência.
“Mas como?!”, perguntará, atônito, o leitor. “O que o
esporte tinha, ou tem a ver com prática religiosa, sobretudo, com paganismo?”.
Hoje não tem absolutamente nada! Mas no caso dos Jogos da Antiguidade, tinha
tudo. Eles eram disputados junto ao Templo de Zeus, que ficava em Olimpia, região
ocidental do Peloponeso, que para os crentes gregos era onde o mítico deus do
Tempo (Cronos, o outro nome do senhor do Olimpo) habitaria. As competições
atléticas eram, somente, parte desse festival e nem mesmo a mais importante. O
aspecto que mais importava era, exatamente, o religioso.
As Olimpíadas originais – cujo início seria o ano 776 a.C.,
ou em torno disso, já que, como tenho enfatizado e insistido, essa questão de
data da Antiguidade não pode ser tomada ao pé da letra, pela grande quantidade
de calendários que já existiram – não eram abertas a todos os povos, como as
atuais. Eram vedadas aos estrangeiros, aos escravos e às mulheres. Os atletas
eram da Grécia continental (de suas várias cidades-Estados) e das inúmeras
colônias gregas do Mediterrâneo e do Mar Negro. O número de modalidades
esportivas em disputa não era, nem de longe, as 28 que serão disputadas a
partir desta semana no Rio de Janeiro. Chegaram à quantidade máxima de dez, que
foram sendo introduzidas no correr do tempo.
Corridas pedestres, por exemplo, eram quatro: o estádio, o
diaulós (ou duplo estádio), o dolichos e o hoplitódromo (ou corrida com armas).
A enciclopédia eletrônica Wikipédia traz a explicação sobre no que cada uma
consistia: “O estádio era a prova mais antiga e de maior prestígio, já que o
seu vencedor daria o seu nome aos jogos. Consistia numa corrida de 192 metros,
o comprimento do estádio. Diaulós correspondia a uma corrida de 384 metros.
Quanto ao dolichos, era uma corrida que variava entre os 7 e os 24 estádios. A
corrida com armas variava entre os 2 e os 4 estádios e nela os atletas levavam
o capacete e o escudo dos hoplitas, o que poderia ser penoso dado o peso que
representava este armamento. Para evitar a fraude, os escudos usados pelos
atletas eram guardados no Templo de Zeus, de modo a evitar que alguém corresse
com um escudo que fosse mais leve”.
Como se vê, embora na época sequer se cogitasse de doping,
havia fraudes, posto que de outros tipos. Caso não houvesse, não seria
necessário qualquer método de prevenção, não é mesmo? Como havia... Desde que o
homem é homem, sempre houve quem quisesse levar vantagem em tudo, burlando regras.
A fraude, queiram ou não, está no próprio DNA humano. Havia, ainda, dois tipos
de corrida eqüestres: o de bigas e o de cavalos de sela. Lutas eram de três espécies:
a grega, o pugilato e o chamado “pancrácio”, ou seja, uma combinação das duas
primeiras. Esta última seria, forçando a barra, uma espécie do nosso MMA
contemporâneo. Finalmente, tínhamos o pentatlo, contudo bem diferente do
atualmente praticado. Era composto pelo lançamento do disco, lançamento do
dardo, salto em distância, a corrida de estádio (semelhante aos 200 m atuais) e
a luta.
A esta altura, muito leitor, com aguçado senso crítico, deve
estar questionando com seus botões: “O que as Olimpíadas têm a ver com
Literatura?”. E eu respondo: depende! O “fazer literário” não se prende a
qualquer tema específico.Tudo e todos podem ser enfocados. O que conta é como o
assunto é desenvolvido. Se com talento, graça, correção (semântica e
informativa) e criatividade, o que se escrever a respeito poderá se constituir,
não tenho dúvidas, em Literatura da mais alta qualidade. Caso contrário, não
passará de dupla perda de tempo: de quem escreve a respeito e de quem
eventualmente venha a ler tais textos. Ou estou errado?
Boa leitura.
O Editor.
Acompanhe o Editor pelo twitter: @bondaczuk
A leitura deste texto me trouxe proveito e prazer, então...
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