As recorrentes crises de criatividade
O maior terror de todo o artista é um
fenômeno conhecido como “crise de criatividade”. Todos passam, em algum
momento, por esse período de ofuscação mental, em que sentem dificuldades de
fazer o que, normalmente, fazem bem. Nisso não há exceção. No nosso caso,
óbvio, o personagem que nos interessa abordar é o escritor.
E ele tem as tais “crises de
criatividade”? Sim! E elas são inesperadas. Principalmente se a vítima delas
escrever muito e valorizar, além da qualidade da sua produção (que deve sempre,
óbvio, ser valorizada), também a quantidade dela. Nem todos valorizam (uma, ou
outra ou ambas). Nesses casos, as crises não têm muita (ou nenhuma)
importância. Não afetam essas pessoas emocionalmente.
Há quem passe por esse tipo de situação
sem que sequer se dê conta. Por que? Porque passa um determinado período da
vida sem escrever e, por isso, nem percebe que nessa fase em que não escreveu não tinha nada de novo a trazer aos seus
leitores. Outros, porém, sentem, e sentem muito essas crises e, não raro, têm
sérios, seriíssimos problemas por causa delas, inclusive (quando não “sobretudo”)
financeiros.
As reações a essas fases também são
muito diversas. Os racionais e metódicos identificam-nas com facilidade e
esperam, pacientemente, que elas passem. E, de fato, passam, embora possam se
repetir (e quase sempre se repetem mesmo) uma, duas, cinco, dez, “n” vezes.
Os mais sensíveis, no entanto, os que
se melindram com qualquer coisa, chegam a entrar, literalmente, em parafuso.
Desesperam-se, perdem a confiança no próprio talento e muitos, inclusive,
deixam de escrever (profissionalmente, claro) para sempre. São inúmeros os
escritores de um livro só. A maioria, não soube administrar, ou contornar uma
dessas crises de criatividade.
Se você, no período em que durar essa
fase, não tiver compromisso contratual com ninguém, não haverá maiores
problemas. É só dar um tempo e esperar que essa fase passe. Raramente não
passa. É só ter paciência, reitero, e confiar em si mesmo.
O ruim é quando você tem determinado
prazo para entregar um livro à sua editora, ou um conto para uma revista, ou
uma crônica para algum jornal, ou uma peça de teatro para algum grupo que se
disponha a encená-la ou mesmo um texto para o nosso Literário e não conseguir
produzir nada. Em casos extremos, você chegará, mesmo, a ter sérios prejuízos
financeiros além profundos arranhões em sua imagem.
As causas e a duração dessas crises
variam muito. Elas podem acontecer ou em decorrência de algum desarranjo
orgânico (estresse por exemplo), ou por problemas psicológicos (o motivo mais
comum), como o rompimento de um relacionamento amoroso, ou a perda de algum
parente querido ou por desorganização no seu ambiente de trabalho (ou em suas
idéias) etc.etc.etc. Quando você entrar numa fase dessas, porém, recomendo,
reafirmo e reitero: não se desespere.
Pare, respire fundo, descanse, reflita,
leia, observe e pratique seu texto, mesmo que seja somente para depois
deletá-lo do seu computador. Ninguém esquece de como se anda de bicicleta, não
é mesmo? E nem se esquece como escrever um poema, um conto, uma crônica, ou
mesmo um romance, caso já tenha feito isso alguma vez.
Quando menos você esperar... lá estará
de novo a sua criatividade de volta, aquela que você julgava ter sido
irremediavelmente perdida e, pode até retornar mais intensa, a todo o vapor.
Mas esteja consciente que este retorno pode ter prazo de validade. Pode ser até
a ocorrência de nova crise (ou não), que você nunca saberá “se” ou “quando” irá
acontecer.
Boa leitura.
O Editor.
Acompanhe o Editor pelo twitter: @bondaczuk
Às vezes as ideias são muitas, mas diluídas. Outras vezes não há ideia alguma. Quando fico desse jeito, escuto rádio. Acontecem sugestões em falas ou em músicas. Então, a partir de duas palavras, surge um possível assunto. Outra fonte certa é o cliente. São tantos os dramas que dão uma enciclopédia. Imagine ouvir vinte a trinta pessoas por dia durante 36 anos. É um manancial inesgotável.
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