Baile de Carnaval
* Por
Eduardo Oliveira Freire
Era tempo de carnaval.
O dia estava muito quente; muitos mascarados pela rua faziam algazarra. A
menina ia à matinê perto da casa da avó; estava fantasiada de Chapeuzinho
Vermelho e carregava uma cesta de doce para avó e para os primos.
Quando se sentou no
ônibus, apareceu um homem mascarado de lobo. Tinha uma camisa estampada e uns
cordões grossos de ouro pendurados no pescoço peludo. Tirou a máscara e se
sentou ao lado da garota. Começou a falar com ela:
– Oi, vai pro baile?
– Desculpa, a minha
mãe falou que não posso falar com estranhos.
– Você se parece com
uma menina que conheci. Ela era... Deixa pra lá. Essa cesta tem doces?
– Tem, qué um?
– Não. Olha, não
precisa ter medo de mim. É que me lembrei de uma pessoa, quando a vi.
A menina lhe deu um
doce. “Ele é bonito e forte...”, pensou. O homem gostou da guloseima. Antes de
ir embora, disse para ela:
– Tchau, menina,
divirta-se bastante.
– O senhor também.
Ele ia encontrar com
os amigos. Tentava se divertir, mas não conseguia esquecer a dor de ter perdido
a sua filha, naquele acidente...
Os amigos disseram que
Glorinha iria encontrá-los no baile. Estava ansioso por recomeçar com a mulher.
Deram um tempo, depois da morte da filha.
Começou a rir, vendo a
menina fantasiada ir à casa da avó, para brincar com os primos na matinê.
“Quando crescer, essa
menina vai ser de parar o trânsito...”.
*
Formado em Ciências Sociais, especialização em Jornalismo cultural e aspirante
a escritor - http://cronicas-ideias.blogspot.com.br/
Pode ser que eu me engane, mas penso já ter lido esse texto.
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