Sobre panelas e tampas
* Por
Evelyne Furtado
Crise dos 25? O que
vem a ser isso? Não me lembro dessa. Tive uma perda grande durante essa fase e
a crise passou despercebida. Para você ver que a vida é mais do que essas
questões menores que a gente internaliza.
Nesse período eu
também tinha acabado de ganhar o maior presente que a vida me deu e que junto
com você faz 25 anos em abril. A vida é assim: tira e põe; põe e tira, mas se a
gente prestar atenção mais dá do que tira.
Tampa também se põe e
se tira. Aqui já estamos falando em panelas e apesar de não ser manchete
jornalística é gritante a crise no mercado de tampas. Há mais panelas do que
tampas. Mas ainda há tampas e boas tampas.
Claro que para deixar
de ser frigideira, há de se querer uma tampa das melhores, não é? Você não é do
tipo que aceita tampa que aperte ou que não se ajuste, só para dizer que tem
uma.
Uma tampa para chamar
de sua? Bem, não digo que em alguns momentos até se use e que faça bem, mas
conheço de perto essa quase filha e sei que ela está escolhendo. Pois bem,
encare esse momento como um momento de escolha sua e não da tampa. Afinal,
dizem que somos nós a escolher.
Quanto à crise de
idade, esse papo renderia mais. No ano que vem estaremos em dobro outra vez
literalmente, ou melhor, numericamente. Como você, sou ansiosa e já estou
vivendo ela, mas tento todos os dias ver o lado bom da história. É o meu
exercício diário, além das listas de exercícios de estatística, pois voltei à
faculdade, dessa vez cursando Psicologia, e também entram números nesse curso
tão humanista.
Não há receitas,
parceirinha, mas alegria, bom humor e música ajudam. Qualquer hora a gente se
encontra para cantar aqui em Natal ou aí na Paulicéia, com Vinha no coro e quem
sabe com tampas na percussão.
*
Poetisa e cronista de Natal/RN.
E que venham muitas décadas e várias idades em dobro.
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