Como e por que “nascemos”
Quando o
Literário completou seu primeiro ano de existência, o Comunique-se, onde essa idéia
nasceu – por sugestão do jornalista José Paulo Lanyi – prosperou e se
consolidou, publicou, em sua página mais nobre, ou seja, a capa, matéria dessas
que se podem classificar de “redondas” (por não conter nem omissões e nem excessos),
registrando o evento e apresentando detalhes sobre seu funcionamento e objetivos.
A importância dada pelo prestigioso site a essa então sua seção inovadora ficou
clara não apenas pelo espaço em que o texto foi publicado, mas pelo seu teor;
E, claro, por quem o redigiu. A redação coube ao então editor de conteúdo do
Comunique-se, o jornalista Thiago Cordeiro, nome consagrado na imprensa e na
área de marketing. Julgo oportuno, neste nosso momento de crise, transcrever,
na íntegra, a referida matéria, o que faço com a maior satisfação, abaixo:
“Em
todo jornalista há um escritor. Frustrado ou não, é um escritor que quer
publicar seus textos, conquistar o mundo e saber se outras pessoas gostam do
que escreve. Verdade ou não, a ‘lenda do escritor recalcado’ (quem sabe isso
não rende um livro?) revela a quantidade imensa de jornalistas que querem
publicar textos menos jornalisticamente objetivos e mais subjetivos. Seguindo
essa necessidade, o Comunique-se
criou a seção ‘Literário’, que completa um ano nesta terça-feira (27 de março
de 2007) com mais de mil de textos publicados.
‘A
idéia nasceu da percepção, ao longo dos anos, de que muitos jornalistas têm
ambição e, sobretudo, vocação literária. Um espaço como o Comunique-se seria
perfeito para a publicação desses textos de ficção, já que, mais do que um
veículo convencional, o Portal é um ponto de encontro em que os jornalistas
procuram saber o que os seus colegas estão fazendo’, explica José Paulo Lanyi,
colunista do portal e um dos responsáveis pela seção junto com Pedro
J. Bondaczuk, editor responsável pela revisão e seleção dos textos.
Já
são 1184 textos publicados, sendo 40% destes feitos por estudantes de
jornalismo. Poesias, crônicas, contos, críticas e textos que misturam as
classificações encontram seu espaço e podem ser lidos por colegas de todo o
Brasil. A seção conta com colunistas fixos como a jornalista e escritora Anna
Lee e Rosana Herrman, blogueira e redatora do programa humorístico ‘Pânico na
TV’.
Convite
‘Quando
a Miriam Abreu (editora do Comunique-se) e
Lanyi me convidaram para participar na função de editor, aceitei, de pronto.
Claro que tinha consciência do tamanho desse desafio e da responsabilidade que
ele implicava. Por isso, a sensação que tenho, nesta data, quando esse
vitorioso empreendimento completa seu primeiro ano, é o de dever cumprido. Nada
é mais gratificante para um profissional do que esse sentimento’, revela Bondaczuk.
Para
o jornalista, uma das melhores coisas que a seção trouxe foi o fim do estigma
da nova geração de jornalistas de que não saberiam escrever. ‘De fato, há
profissionais de texto que escrevem mal, bem como estudantes. Mas,
sinceramente, gostaria de ter o privilégio de comandar um dia uma redação que
fosse composta apenas pelos participantes e colaboradores do Literário. O
jornal que tivesse essa equipe seria imbatível!’, afirma.
Histórico
A
primeira colaboração do ‘Literário’ foi a da colunista Anna Lee,
autora de “O Beijo da Morte” com Carlos Heitor Cony, intitulado ‘Estranhas Relações’ sobre
o ato de escrever. Contudo o primeiro texto publicado por um
leitor que não era um colunista fixo foi a poesia do
jornalista e professor universitário Luis Martins ‘Oração do Repórter’, que é
descrito pelo poeta como um ‘voto de humildade’ do jornalista pelas
dificuldades da profissão.
‘O
C-se abriu um espaço para o jornalista mostrar uma produção que
normalmente ele não consegue exibir’, afirma. Luis Martins lembra que se hoje a
profissão de jornalista possui muitos escritores, antes era formada apenas por
eles. ‘Já foi uma profissão de escritores, de advogados e, agora, de
jornalistas profissionais. Eu diria que o jornalista naturalmente escreve tanto
para o jornalismo quanto para a escrita’, opina.
Abrigo
A
web é um espaço democrático por vocação. Qualquer escritor iniciante pode criar
um blog e começar a publicar seus textos imediatamente. Curiosamente, a ficção
na internet ainda é pouco comum apesar de alguns artistas publicarem desde
quadrinhos e poesias até contos em sites. O ‘Literário’ é a chance que os usuários
possuem de ter toda a audiência do Comunique-se
disponível para a leitura de seus textos.
‘Eu acho que a ficção na internet ainda está muito longe do que poderia ser. Fiz uma experiência de videocrônicas e algumas pessoas não gostaram, porque ainda estão acostumadas a usar a internet
Para
Lanyi, a seção contribui com a produção literária de um país com cada vez menos
espaço para a publicação de livros. ‘Jornalistas tendem a ser pessoas que
trabalham em vários projetos ao mesmo tempo. São pessoas inquietas que sempre
inventam algo para fazer. Muitas têm aspiração literária mas não conseguem
parar, não conseguem se concentrar para produzir’, descreve o colunista do
Comunique-se, que
vê o espaço como ‘um catalisador desses anseios dispersos’, onde a
possibilidade de ter o texto lido e comentado por um público exigente pode ser
recompensador para qualquer aspirante. A seção permanece aberta para novas
colaborações, que podem ser enviadas sempre para jornalismo@comunique-se.com.br.
Nenhum texto precisa permanecer na gaveta ou na pasta ‘Meus Documentos’”.
Boa
leitura.
O
Editor.
Acompanhe o Editor pelo twitter: @bondaczuk
Que chique, público cativo de leitores exigentes. Imensas intenções. Temos de produzir, mas também prestigiar os demais, lendo e comentando aqui e acolá, mas melhor que seja aqui.
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