terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Será que nunca mais verei meu rosto?

* Por Eduardo Oliveira Freire

“Quanto mais o homem fala de si, mais deixa de ser ele mesmo. Dê-lhe uma máscara e ele dirá a verdade.”
(Oscar Wilde)

"O sonho estava composto como uma torre formada por camadas sem fim, que se erguessem e se perdessem no infinito, ou descessem em círculos, perdendo-se nas entranhas da terra. Quando me arrastou em suas ondas, a espiral começou, e essa espiral era um labirinto. Não havia nem teto nem fundo, nem paredes nem regresso. Contudo, havia temas que se repetiam com exatidão.”
Anais Nin em WINTER OF ARTIFI
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m dia, bateram na porta e era uma encomenda. Achei estranho pois não tinha nenhum bilhete que identificasse quem me enviou aquele pacote de presente. Abri-o e encontrei uma máscara.

Achei estranho, já que constantemente sonhei com máscaras. Por impulso, coloquei-a no meu rosto e ela grudou em mim como uma segunda pele e nunca mais saiu.

Via-me mascarado no espelho, porém, para os outros estava normal. Parecia estar preso em um labirinto espiral, que projetava a imagem da mesma máscara.

Era torturante não perceber a mudança do tempo na minha face, desse fato bizarro já se passaram muitos anos. Será que nunca mais verei meu rosto?

Fui a vários psicólogos, psiquiatras e até fiquei internado. Nenhum tratamento fez desaparecer a máscara fria sobre meu rosto. E o pior, de um tempo para cá, estou me habituando a ela e me flagro a pensar que sempre esteve comigo.

* Formado em Ciências Sociais, especialização em Jornalismo cultural e aspirante a escritor - http://cronicas-ideias.blogspot.com.br/
  

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