O que é fato na História?
A História, tal como a conhecemos e a estudamos na escola, é
constituída por pelo menos 95% (ou muito mais) de especulações, ficção, imaginação,
invenção enfim (por mais verossímeis que pareçam, ou que sejam) do que
propriamente de fatos que são, quando muito, só 5% (exagerando para mais).
Embora afirmação como esta irrite historiadores e faça os descerebrados (que se
recusam a raciocinar) tentarem ridicularizar quem a faz, é questão, até, de
puríssima lógica. Afinal, por muitíssimo tempo (quanto? Ninguém sabe!), o homem
não dispunha de escrita. Supõe-se que por milênios e mais milênios (quantos?) os
povos primitivos, todos eles sem exceção, não contaram com nenhuma forma para
registrar, minimamente, acontecimentos, idéias, especulações etc.etc.etc. Tudo
e todos dessa época (de quanto tempo?) perderam-se no absoluto esquecimento.
Para a história e para a cultura, não existiram, embora tivessem nascido,
amado, odiado, sofrido, pensado e morrido.
Quem aqueles homens e mulheres foram, como e onde viveram, o
que fizeram? Ninguém sabe e jamais saberá. Há quem creia, sem o menor laivo de
dúvida, nas versões existentes (e consagradas) dos historiadores desse
remotíssimo período, como sendo lídima expressão da verdade. Quem age assim,
contudo, não exercita o espírito científico. A ciência exige provas de tudo o
que se afirma. Não se satisfaz, portanto, com simples crenças, por mais
verossímeis que sejam. Que houve civilizações até mesmo prósperas e
razoavelmente evoluídas, a arqueologia comprova. Até a antiguidade de muitas
dessas tantas cidades de passado tão distante pode ser razoavelmente determinada
mediante o científico método de datação do Carbono 14. Mas é impossível de se
saber quais os personagens que as erigiram, habitaram, e governaram. Quais
foram essas pessoas que moveram guerras, que amaram, odiaram, construíram,
destruíram, pensaram, tiveram crenças, concordaram, divergiram etc.etc.etc?.
Não há como saber!
Essa longuíssima digressão destina-se a tentar responder
perguntas de alguns leitores sobre quando o homem começou a filosofar e quem
foi o primeiro a se preocupar e tentar responder as quatro questões fundamentais
que, ao fim e ao cabo não foram respondidas, ainda, até hoje. Óbvio que jamais
iremos saber. Não há como. Primeiro, porque, reitero, não havia sido inventada
a escrita. E depois da invenção desta, a totalidade dos registros dos
primitivos filósofos se perdeu, ora por causa de guerras, ora por desastres
cósmicos ou da natureza (terremotos, furacões, vulcões etc.etc.etc.), ora por
tantos outros motivos. O fato é que eles não existem.
Jostein Gaarder escreveu, no livro “O mundo de Sofia” a
propósito dos filósofos da natureza (que certamente viveram milênios, e não se
sabe quantos, depois dos verdadeiros pioneiros da Filosofia): “(...) A maior
parte das coisas que os filósofos da natureza disseram e escreveram ficou para
sempre perdida no passado. O pouco que restou chegou até nós através dos textos
de Aristóteles, que viveu cerca de duzentos anos depois dos primeiros filósofos
(...)” Gaarder, aqui, referiu-se, obviamente, aos primeiros cujas obras
Aristóteles conheceu e cujas idéias registrou para a posteridade. Com isso,
prestou inestimável serviço à Filosofia e à cultura.
O escritor norueguês prossegue em sua explanação: “(...)
Aristóteles apenas resumiu as conclusões a que os filósofos antes dele haviam
chegado. Isso significa que jamais saberemos como eles chegaram a tais
conclusões. Mas sabemos o suficiente para afirmar com certeza que o ‘projeto’
dos primeiros filósofos gregos era especular sobre a substância primordial e
sobre as transformações da natureza (...)”.Dessas especulações “nasceram” as
ciências, tal como as conhecemos. É possível, se não provável, que esses
filósofos da natureza, aos quais Aristóteles identificou, abasteceram-se de idéias,
de princípios e de conceitos de antecessores. Mas dos quais? De quando? De
onde? Infelizmente não sabemos e certamente jamais saberemos. Uma pena!!! Esses
pensadores não lograram conseguir a única forma de “imortalidade” acessível ao
homem: a da memória.
É possível (será provável?) que esta nossa tão avançada (e
badalada) civilização tecnológica desapareça, em consequência de algum
cataclismo cósmico ou de uma guerra nuclear (o que parece mais iminente) que
deixe escassíssimos sobreviventes. Nesse caso, o homem, certamente, retroagirá
à barbárie. Todo o vastíssimo conhecimento acumulado por milênios pode (e nesse
caso vai) se perder. Se tal ocorrer, a tendência é de nossos descendentes desse
hipotético (mas não impossível) futuro ignorarem por completo quem foram, por
exemplo, um Einstein, um Newton, um Freud, um Steve Jobs etc.etc.etc., que
fizeram do nosso tempo o que ele é. Pense nisso, caro leitor. Já aconteceu no
passado, conforme descobertas de arqueólogos. Por isso não dá para jurar que
não ocorrerá de novo no futuro.
Boa leitura.
O Editor.
Acompanhe o Editor pelo twitter: @bondaczuk
Estão enterradas arcas com todo o conhecimento humano da época em que foram guardadas. Que pelo menos elas escapem do cataclismo.
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