Estamos preparados?
* Por
Fabiana Bórgia
Não acho a vida louca,
acho-a pouca. Acho que porque tenho 40. E isso mexe com a mulher. Nos últimos
meses, lidei muito com "não sei". Fiquei entre razão e emoção. Tentei
ser racional, fria e calculista. Tentei observar o que tinham de irracional os
outros. Tentei achar a razão da razão. E continuei no "não sei".
Mas aí parei. E me
perguntei a resposta. Sim, sim. Emoção. A felicidade nem sempre tem razão. E a
vida é pouca, passa.
Será que é ilusão?
Família, filhos, paixão. Não, não. Ilusão é achar que muito do que vivi e
concretizei foi tempo perdido. Eu não quero perder esse tempo. Eu não tenho
tempo.
Não, não. A felicidade
vem de dentro pra fora. Nada do que está a minha volta influencia nela. Mas
quando me sinto infeliz (fujo desse sentimento, por falta de tempo), as coisas
a minha volta também não me ajudam a mudar, ficam tristes. Então, as mesmas
coisas ficam lindas e animadas quando me sinto feliz.
É de dentro mesmo.
Você tem razão. Sentir amor por si mesma, você me diz. Todas as coisas que meus
amigos dizem me levam a uma egotripe, e eu me achei feliz comigo mesma porque
não tenho vergonha de ser o que sou. Porque como sou, fui amada, desprezada,
amei, magoei, traí e fui traída. Fui igual a qualquer pessoa, igual a quem acha
que se ama mais.
Viver como se é, saber
amar e deixar ser amado. Tirar o time se preciso, voltar pro campo, batalhar,
aceitar a derrota, vencer. Mas acima de tudo, entendendo que todos somos
errantes, e se não tentar não vai saber se ía acertar. Então, tirei a
conclusão: se me faz feliz, eu quero. Dane-se quem não quer desse jeito. Eu
quero o que me faz bem.
Não digo não, só
porque é o que esperam. Preciso de felicidade, comigo. E ninguém controla isso.
Só eu. Com meu amor por mim, com meu poder de dizer sim ou não. Mas o melhor do
‘sim’ é quando sabemos que o que vem depois pode te trazer dor, e saber que se
dissesse ‘não’, a dor também viria. Mas com o não, seria tentar não senti-la. E
nada adiantaria.
Só aceito sins e nãos
que me contrariam quando vem do outro. Porque se me trouxer dor, vai passar. E
o outro eu não posso controlar. Mas eu?
Eu quero é o que me
faz bem aqui dentro. E isso é na hora, é agora, não dá pra ficar adivinhando o
futuro. Se me faz bem agora, quero. Se amanhã, fizer mal, não me arrependo. A
vida é curta. Curta a sua. Eu curto a minha.
• Escritora por vocação e advogada por
formação. Paulista por natureza e carioca por estado de espírito. Engenheira de
sonhos: alguém em eterna construção. Autora do livro “Traços de Personalidade”
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