quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Ma Che potranca!

* Por Ana Deliberador


Num dia de finados, dia de visitar os mortos, Catarino e Alécio, o magro e o gordo, vieram de Borrazópolis, para onde haviam se mudado, para visitar os pais e irmãos.

Lavaram seu túmulo, colocaram flores. Choraram de saudades. Oraram por suas almas.

Já saindo do cemitério cruzaram com Dona Anita e Zé Corrêa, que chegavam com os braços cheios de camélias, brancas e vermelhas.

Com a sensibilidade e sutileza que lhe era inerente, Alécio apertou fortemente as mãos dos dois enquanto dizia:

– Ô, Seu Zé Correia. Como vai Donanita? A senhora tá bunita, hem? Tá véia, mais tá bonita! Você se alembra, Catarino, quando nóis cheguêmo no Primer de Maio? Donanita! Ma che potranca!

* Professora, pintora e escritora

                     

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