quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Gravador de rolo


* Por Ana Deliberador


Mil novecentos e sessenta e um. Gravador de voz? O que vem a ser isso?

Naquela cidadezinha ninguém conhecia o dito aparelho então foi fácil, muito fácil, colocá-lo na cozinha, sobre a velha geladeira a querosene que viera pra casa de Zé Corrêa na véspera do casamento da primeira filha, há exatos onze anos.

A mulherada, empenhada na elaboração de deliciosos quitutes, não percebeu o gesto ou melhor, não se importou com a presença daquele aparelho estranho, em que  dois rolos ficavam girando, devagar. E a conversa correu animada e… solta!

Júlio Vieira, o dono do gravador, esperou o tempo necessário.

Após o almoço, já na hora do cafezinho, pôs o aparelho a falar, para surpresa de todos e desgosto de muitos!

* Professora, pintora e escritora


Nenhum comentário:

Postar um comentário