Um dia desses...
* Por Eduardo Oliveira Freire
Vi
na Internet um curso de pós-graduação Latu Seno de Literatura infanto-juvenil.
Fui no último dia de inscrição. Não passei, mas acho que não perdi o meu tempo.
Aprendi bastante e tive contato com histórias infantis nas suas origens.
Antigamente, muitas histórias para crianças vinham da cultura popular ou das
adaptações de gêneros literários para adultos. Não pude deixar de fazer uma conexão com as últimas
notícias: pais que abandonam os filhos, a miséria e a violência. Dos vários contos, destaquei O
PEQUENO POLEGAR de Charles Perrault.
A
narrativa começa quando um casal de lenhadores, desesperados pela miséria em
que viviam, resolveu abandonar os filhos na floresta. Mas, O Pequeno Polegar
escutou a conversa dos dois e, ao ficar perdido com os seus irmãos, fez uma
trilha de pedrinhas brancas que catou naquela noite, em que escutou a conversa
dos pais.
Quando os meninos voltaram, os pais os receberam bem. Haviam
recebido um dinheiro de quem lhes devia. Todavia, a fome assolou novamente. O
pai e a mãe abandonaram de novo os filhos na floresta. O Pequeno Polegar tentou
de novo se preveni, todavia não pôde pegar as pedrinhas brancas: a porta estava
fechada. Resolveu pegar o pão e fazer bolinhas para jogar no percurso. Só que
os passarinhos tinham comido a trilha e o protagonista e os irmãos ficaram
perdidos.
O Pequeno Polegar subiu numa árvore e viu uma casa. Os
irmãos foram até lá e bateram na porta. Uma mulher atendeu e lhe deu assistência.
Só que a casa era o lar de um Ogro. Ao ver os meninos, o monstro quis comê-los.
O Pequeno Polegar percebeu as verdadeiras intenções. Astutamente, trocou as
coroas das filhas do Ogro com o seu gorro e com gorros dos seus irmãos. Depois,
os meninos fugiram. O Ogro matou suas próprias filhas. Revoltado, por ter sido
enganado, ele caçou os garotos, velozmente, com suas botas sete léguas. O
Pequeno Polegar mandou os irmãos fugirem e esperou a oportunidade de pegar a
bota rápida. Aproveitou que a besta cansada dormia e as roubou. Enfim, o Pequeno
Polegar, com a bota de sete léguas, conseguiu salvar os irmãos e tirar os pais
da miséria.
Lógico
que, na realidade, na maioria das vezes, não há final feliz. Porém, usando o
conceito de catarse de Aristóteles, as representações dramáticas do conto
evocam sentimentos de terror ou piedade nos leitores. Para o filósofo, a fábula é uma imitação da
ação. “Chamo fábula a reunião das ações;
por caráter entendo aquilo que nos leva a dizer que as personagens possuem tais
ou tais qualidades: por ideais, refiro-me a tudo o que os personagens dizem
para manifestar seu pensamento”. Não se pode esquecer, que os contos de
fadas herdaram essa estrutura da fábula.
*Formado
em Ciências Sociais
pela Universidade Federal Fluminense, está cursando Pós Graduação em Jornalismo Cultural
na Estácio de Sá e é aspirante a escritor
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