Da ignorância
* Por
Núbia Araujo Nonato do Amaral
Não nasci pra ser
samambaia, nem fazer cara de paisagem. Não dá pra tocar a vida com a barriga,
mastigando pedras ou engolindo sapos.
No que me diz
respeito, ser o que sou, fazer o que faço somente a mim interessa. Se sou preta
ou marrom, gorda ou magra, antenada ou alienada, se me visto assim ou assado, é
o que menos importa.
Se me ausento sou
omissa, se me calo, submissa. Não me oprime o peso do julgamento, relevante pra
mim é ter a graça de despertar, de ter mais um dia, mais uma chance de, quem sabe,
descortinar o maldito véu da ignorância que passeia sobre nós como nuvem baixa,
que nos empurra pra um abismo que, disfarçado por um cor de rosa opaco, nos embala com a doce ilusão de que tudo o
que acontece de ruim somente cai em terras distantes.
* Poetisa, contista, cronista e colunista do
Literário
Dizem os sábios que quanto mais se sabe, mais se sente ignorante. Eu nada sei. Maravilha de reflexão. Pensando aqui.
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