Solidão
e lágrimas
* Por Fábio de
Lima
Solidão dói e
rasga a carne. Inflama. Apodrece. Solidão é injusta e cruel. Quem se sente
sozinho sabe do que estou falando. Afinal, solidão não é estar sozinho e sim
sentir-se sozinho. Eu mesmo já me senti sozinho no meio de um monte de gente.
Agora, enquanto escrevo este texto, sinto solidão. Não falo da solidão do
artista – do poeta – daquela solidão charmosa e acompanhada de adjetivos
bonitos. Falo da solidão feia – pobre e
incisiva. Daquela que a gente engole as lágrimas, porque homem não deve chorar,
porque a vida continua, porque o show tem que continuar.
Toda solidão se
equivale. Nenhuma é mais, ou menos, importante que a outra. A solidão de quem
perde uma mãe ou um pai é a mesma de quem perde uma esposa, um filho, um
namorado ou um cachorro de estimação. Palavras tolas? Palavras frias? Talvez
você nunca tenha se sentido sozinho, então. Para quem está só, sua solidão é
avassaladora e não importa o motivo. Sua solidão é a única coisa importante no
mundo. Nada mais tem valor.
Solidão é um
sentimento tão estranho que a gente sofre e sente uma dor obsessiva –
irreparadora – nefasta. A mesma dor de uma facada. Você, caro leitor, já
recebeu uma facada? Eu também não, mas é a mesma dor – eu garanto. Você já
recebeu um tiro? Eu também não, mas é a mesma dor – eu garanto. Você já morreu
alguma vez na vida?! Parece piada, mas não é. Morreu ou não morreu?! Eu também
não sei e nem sei se existe dor na hora final, mas é a mesma dor – eu garanto.
Então a gente
sente vontade de chorar e preguiça. Vontade de gritar e preguiça. Vontade de
morrer e preguiça. As nossas ações não dizem nada e o nosso silêncio delira. A
gente escreve para esquecer. A gente adormece para esquecer. A gente não quer
ser e sendo. Céu ou inferno? Deus ou diabo? O relógio nos persegue. O
calendário nos persegue. A ilusão do amanhã. A ilusão do destino. A ilusão do
sonho. Solidão é não sentir amor. Pior, solidão e não sentir-se amado.
E eu, Fábio de
Lima, ser humano, paulistano, brasileiro, solteiro, filho único, jornalista por
opção, solitário por destino, vou vomitando os sentimentos através das
palavras, vou reconstruindo minha vida através dos erros, vou envelhecendo em
busca de uma nova vida, onde a solidão me deixe viver sozinho e ser feliz para
sempre. Nem que acompanhado apenas de minhas lembranças e de sorrisos de mim
mesmo na frente do espelho. Para finalizar este texto cansado, caro leitor,
quero lhe dizer que o ruim, mesmo, na solidão, é que a lágrima nunca escorre
pela face sozinha. Toda lágrima vem sempre acompanhada de muita, muita, muita
dor.
(*)
Jornalista e escritor ou “contador de histórias”, como prefere ser chamado. É
Diretor de Programação da CINETVNET (www.cinetvnet.com.br), TV pela internet.
Está escrevendo seu primeiro romance, DOCE DESESPERO.
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