quinta-feira, 12 de março de 2015

Sem lutos


* Por Carmo Vasconcelos


De vós, amados, quero ao vos deixar:
sentidos poemas, flores, melodias,
riso e lembranças de felizes dias,
e sem lutos a minh’alma há-de voar.

E já volátil, há-de então acenar-vos
a fina poeira, da ida e vã matéria,
depois… montada numa gota etérea,
hei-de baixar na chuva a visitar-vos.

Porém, se alguns de vós eu vir chorosos,
pérola d’água, os olhos lavarei
aos que em saudade mostram olhar fosco.

E pra secar os olhos lacrimosos,
flamas ao sol brilhante roubarei…
Que amar-vos não será chorar convosco!

***

Lisboa/Portugal/1996
In E-Book  “Sonetos Escolhidos I”



* Poetisa portuguesa

Um comentário:

  1. Meus lutos são longos, ainda que amigas insistam em dizer que o amor delas é maior e que o tempo delas com seus namorados foi imenso. Não entendo essa mania de um querer quantificar o luto do outro.

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