Às
vezes, meus olhos...
* Por Márcia
Savino
Às vezes meus olhos me penduram
no céu
no topo das montanhas
no alto dos edifícios
Muitas vezes eles me levam pra longe
tirando-me da claustrofobia diária
Várias vezes me denunciam
por invadir espaços alheios:
um detalhe da roupa da moça, na fila,
atrás daquela blusa roxa
o contorno da letra no livro que o
garoto segura no ônibus
Meus olhos me levam
e me salvam
da mesmice, da pasmaceira, do nível
médio.
Às vezes viram-se para dentro,
disfarçados de vitrine.
Vêm banhar-se, os glóbulos
As retinas mergulham na espessura
interna de mim
- este algo que não se pode ver em cada
um.
Descansam meus olhos assim.
Descansam pra mim,
em mim,
que os tenho como faróis, como luzes
parco registro audaz para minha pena
* Jornalista, formada em História e Comunicação. Trabalha, atualmente, na
Assessoria de Comunicação da Firjan, Regional Friburgo.
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