Á segunda vista
* Por
Eduardo Oliveira Freire
O poeta Zizo
confecciona um pequeno tabloide anarquista. Ele vive no subúrbio da cidade de
Recife, e criticando as classes sociais mais altas, seu cotidiano é cercado de
sexo, drogas e muita poesia que inspira a vida de seus amigos e vizinhos. Zizo
queria conscientizar os “miseráveis” de suas condições e pregava a anarquia, já
que era contra as instituições de poder.
Na primeira vez,
quando quis assistir FEBRE DO RATO, não consegui. As cenas de sexo e os
diálogos me enojavam, apesar da bela fotografia em preto e branco e da
excelente interpretação dos atores. Alguns participaram de “novelas globais” e
nem se importaram com exposição do corpo no filme. Desisti, pois não aguentei
ver o grotesco das promíscuas relações sexuais, os personagens pareciam bichos.
Então, deixei passar o tempo e assisti ao filme de novo.
Tempos depois, ao
revê-lo, compreendi que as cenas cruas e nauseantes de FEBRE DO RATO não eram
gratuitas, havia uma proposta de mostrar como os personagens eram contra o
status quo da sociedade, que é conservadora e elitista. Não sei se estou
correto, FEBRE DO RATO não usa classicamente a dialética entre ricos, pobres e
como estes devem reagir. Foi além, abordando a questão de gênero e a liberdade
de amar-transar sem limites.
Assim sendo, viviam à
margem da sociedade e a única lei que seguiam era do desejo. Mas, apesar de
entender o contexto do filme, não consegui gostar dele. Reconheço que é um
filme de qualidade artística e bem feito, só que não me afeiçoei a ele.
Diferente de outros filmes que nos marcam na alma.
Também, esse lance de
promiscuidade não me agrada muito. Liberdade sexual não é isso. Há tantas
doenças sexualmente transmissíveis, será que vale a pena segundos de gozo e, em
seguida uma vida de sofrimento? Eu acho que não.
***
Curiosidade...
Pesquisando sobre o filme, descobri que o diretor Cláudio Assis fez Baixio das
Bestas (2007), outro filme que é um soco na boca do estômago. Foi a sensação
que tive, quando o vi.
*
Formado em Ciências Sociais, especialização em Jornalismo cultural e aspirante
a escritor - http://cronicas-ideias.blogspot.com.br/
Algumas pessoas conseguem dizer a mesma coisa de maneiras diferentes, ou ao contrário, mostrar coisas diferentes da mesma maneira, o que parece ser o caso.
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