A ceia
* Por
Alberto Cohen
Na décima segunda badalada,
o cuco do relógio se transforma
no corvo dos medonhos pesadelos,
o príncipe coaxa como sapo,
Cinderela é uma bruxa desdentada
e o coche um melão apodrecido.
Na décima segunda badalada,
exorcizando o décimo segundo
fantasma, dessa noite de fantasmas,
copos levitam nas sedentas bocas
dos que proferem preces e blasfêmias,
no altar infame de amaldiçoados.
Na décima segunda badalada,
começa a espera de chegar o nada,
termina o tempo, nasce o anticristo
nos doze apóstolos convulsionados,
que tropeçam nos pés, aos pés da escada
de doze passos para o cadafalso,
na décima segunda badalada
· * Poeta
paraense
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