Mediania
* Por Fernando
Mariz Mazagão
I
Medida comum à imensa maioria,
matéria do espírito é a incolor
mediania.
Estigmatizada no ventre por teus filhos
mais ingratos,
és o motor comum aos fortes e aos fracos
o afã perdido no sono dos sonhos.
Contra tudo o que existe, à exceção das
exceções,
para ti, cimento dos fatos, compus minha
canção.
Elegia homicida (ou seria suicida? ou
matricida?)
cimitarra cega de punhos sem mãos.
É o desdizer de um Deus que por fastio
obriga
a escrever a humana tragédia
em tão poucos atos,
em tão poucos dias,
sem dispor de lei que nos remende o
laço.
Só tu mediania nos faz afim de cocaína,
futebol, sexo e Saxon.
II
Nada sentir ou saber
e ter que fazê-lo,
como uma ocupação qualquer
mesmo que simulacro
do sacro
quem dá a mínima?
E quanto a responder?
Quem vai querer se incumbir
de balbucigugitar o mesmo sonho
again
and again
and again
and again?
Not Sam.
O negão morreu e o tio expande seus
negócios à leste
bem próximo ao jardim celestial,
hoje ocupado por demônios
e pela vaca que precisou alugar seu
brejo
por razões de caridade
e p’ra escapar à prostituição.
*Fernando
Mariz Masagão é músico, dramaturgo, poeta e colaborador de publicações online
sobre arte, com crônicas e críticas musicais. Guitarrista e vocalista de bandas
de rock'n'roll, tem formação clássica vigorosa, em cursos de
regência sinfônica, apreciação musical e instrumentação.
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