sexta-feira, 9 de maio de 2014

Um dia como outro qualquer...

* Por Márcia Vieira Yellow


Sim, foi um dia como outro qualquer, uma tarde comum, com uma pessoa rara, pouco comum, se se considerar que ser comum é incomum, dadas às circunstâncias do "mundo em que vivemos, totalmente em perigo" (pra ser mais abrangente e fazer uma breve alusão ao filme, que referia-se ao ano, não ao mundo).

Fernando Yanmar Narciso é uma dessas pessoas e num  "insight" decidi que queria vê-lo, falar com ele, mas não de maneira programadinha, deliberada, amanhã ou depois. Haveria de ser naquele instante. Foi mesmo um daqueles momentos que a gente tem vontade de fazer uma coisa e faz. Liguei imediatamente pra sua (dele) mãe, Mara Narciso e propus gravar algo com o Fernando, já que no próximo dia 15 ele lança um livro de crônicas e fui convidada pra fazer os registros fotográficos. Eu e Mara falamos tanto ao telefone que deu tempo do Fernando voltar do almoço com o pai. Ele é do tipo que não deixa nada pra depois. Nem o lugar onde faríamos a gravação foi planejado. Pra falar a verdade nem mesmo sabia se a minha parafernália estava completa, com pilhas e baterias suficientes. Ah, se não, daria um outro jeito. E assim fomos eu o Fernando ao Shopping, um local escolhido de última hora. No estacionamento, vimos uma floricultura e pedimos licença pra gravar por lá.

Licença concedida, batemos um papo informal e esta foi a regra que coloquei pra Mara quando liguei: que não houvesse regras, que nada fosse formal ou proibido. Cada vez mais eu me adapto menos ao mundo das regras e formalidades. Nem de longe nasci pra ele. E vi no Fernando alguém semelhante, por isso quis conversar e saber do livro, saber dele. É um jovem que não se preocupa com a posição da câmera, com vaidades insanas, em sorrir no momento X ou Z, com o que os outros vão pensar, se vão rir ou chorar. Não mede palavras, não programa gestos e falas. Não ensaia. E não é ofensivo nem fala pelos cotovelos. Pelo contrário. É gentil à maneira dele, educado, cortês e afetivo. Não sai ofendendo, só porque tem a liberdade de ser como é, falar e fazer o que quer. Essa é a verdadeira liberdade, que só existe de fato quando caminha de mãos dadas com a responsabilidade.

E Fernando Yanmar tem consciência de que é um estranho no ninho, assim como os poucos e reais, que não se encaixam naquilo que outros criaram, naquilo que alguém um dia criou e resolveu que é "o certo", como se certo e errado não fossem conceitos particulares. O "certo" nem sempre é justo. E haverá alguém, que assim como ele, pensará sobre isso e viverá seguindo suas próprias regras. E estes são os que salvam o mundo dos perigos, embora tido como perigosos ou "loucos". Não li ainda o livro, mas deu vontade de ler. Ele, Fernando, é honesto, puro, sincero. O livro também será. Revelou no decorrer da conversa, deixar "tudo pelo meio do caminho", exceto a escrita, que o alimenta neste universo de realidades fantasiosas e fantasias reais.



* Repórter e fotógrafa 

Um comentário:

  1. Parabéns a este talentoso parceirão aqui do Literário, pelo seu novo livro. Li-o, ainda no original, e deliciei-me com ele. Convido o leitor a também fazê-lo. Duvido que não goste. Acompanhe, também, esta deliciosa e reveladora entrevista. O "garoto" (pois se trata de escritor jovem) já não é mais promessa: é realidade. Espero que seu livro tenha grande sucesso e o incentive a publicar outros, e outros e tantos outros. Se isso acontecer (e creio que acontecerá) a Literatura brasileira, sobretudo a arte das crônica, serão enriquecidas. Parabéns, parceirão!!!!!.

    ResponderExcluir