domingo, 13 de abril de 2014

A exemplo das árvores nuas

* Por Enrique Ruiz de La Sierna

Não. O outono não é, não, quem às árvores
arrebata suas folhas, pois, são elas,
são as árvores mesmas que cedem
ao vento suas folhas secas e amarelas...

As árvores desdenham
a pompa estéril da folhagem morta,
e com viril austeridade esperam nuas
os rigores de frio e de gelo do inverno.
Sabem que só assim a Primavera
as vestirá de novo!

Estas árvores nuas, minha alma,
sejam um exemplo vivo para ti.
Renuncia, como elas, ao que é vão,
despoja-te, como elas do que é velho.

Se em ti morre uma idéia, para sempre
arranca-a de ti e atira-a ao vento.
Porque são os cadáveres de idéias
a pompa estéril da folhagem morta!

Não finjas pensamentos que não penses,
não sintas com fingidos sentimentos.
Antes que assim,
resiste, sem roupagem, aos rigores do inverno.
Que voltará, por fim a Primavera
e a ti também te vestirá de novo!

Poeta e ensaísta colombiano 


Nenhum comentário:

Postar um comentário