Maracatus nos Carnavais
*Por José Calvino
O maracatu tem batida marcante, com raízes na cultura africana. Segundo
a história da escravidão, Recife – Editora Massangana, 1988: “(...) Com a
abolição da escravatura negra, em 1888, e a proclamação da República, em 1889,
a figura do Rei do Congo – Muchino Riá Congo – perdeu a sua razão de ser. Os
cortejos dos reis negros já presentes no carnaval, por sua vez, passaram a ter como
chefe temporal e espiritual os babalorixás dos terreiros do culto nagô e vieram
para as ruas do Recife, não somente nos dias de festas religiosas em honra de
Nossa Senhora do Rosário, mas também nas festas carnavalescas. Após a abolição,
porém, os antigos cortejos das nações africanas, que continuaram a se fazer
presentes no carnaval do Recife, então sob a chefia dos seus babalorixás,
passaram a ser chamados de maracatus, particularmente quando a notícia tinha
conotação policial...”
Sempre gostei de presenciar os maracatus, sobretudo os dos Morros de
Casa Amarela. O primeiro deles, criado pelo pessoal do Morro Nossa Senhora da
Conceição, foi o “Sol Nascente”, em tom de baque virado. Alguns moradores
naquela época, ignorantes, não aceitaram e resolveram acabar com pedradas o
batuque e, para isso, ainda contaram com apoio da polícia (sic). Só nos anos
30, Biu do Maracatu fundou o Águia de Ouro, conseguindo licença na então
Secretaria de Segurança Pública para o seu funcionamento. Pois antes, era
proibido, e era considerado uma afronta passar na frente do Comissariado de
Polícia.
Este ano (sic) 26 nações de maracatus foram convidadas para se exibirem
no carnaval, provenientes do Grande Recife e, realizaram seus respectivos
cortejos, apresentando suas rainhas e calungas. Vibrei com o Maracatu Nação
Lira do Morro da Conceição que, pela primeira vez, desfilou com grande
estilo. O nome deste maracatu provém de uma antiga troça carnavalesca,
conhecida por Lira do Horizonte. Foi sensacional a estréia oficial, quando o
povo assistiu ao grande espetáculo com uma salva de palmas. P A R A B É N S,
com letras maiúsculas, pessoal!
*Escritor, poeta e teatrólogo pernambucano. Blog
Fiteiro Cultural – http://josecalvino.blogspot.com/
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