quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Sem pretensão

* Por Núbia Araujo Nonato do Amaral

Não tenho um sobrenome
 que me valha.
 Ando de pés no chão.
 Na lida não dou conversa.
 Descanso?
 Tenho não.

Com a paga do meu trabalho
do suor de um dia inteiro,
 mato a fome dos meninos
 e ainda sobra
 um bocadinho pra
 pagar a pretensão
 desse caboclo matuto
 que enxergou nas rimas
 sonhos, cores, redenção.

Me permitam aqui
os senhores
 que eu possa depositar
 nessas mal traçadas linhas
 o meu jeito de falar.

Que mesmo na luta
 e às vezes sem muita
 esperança, aprendeu
que pode sonhar!

Quando começo os meus
rabiscos sinto meu peito
mais leve respiro
com satisfação.
e apenas o que lhes peço
 se não for pedir demais
é que leiam essa poesia
 de um matuto que em sonhos
 ousa mais.

 * Poetisa, contista, cronista e colunista do Literário


Um comentário:

  1. Achei uma boa experiência com as rimas. Ótimo resultado.
    Destaco o começo primoroso:
    "Não tenho um sobrenome
    que me valha.
    Ando de pés no chão."
    Começou bem o ano, Núbia.

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