Esportes e literatura
Os esportes, em geral,
e o futebol, em particular, constituem-se em riquíssimo filão temático para
escritores de todas as tendências e lugares. Público para consumir esse tipo de
produto há em profusão. São raríssimas as pessoas que não se ligam, de uma
forma ou de outra, pelo menos como apreciadoras, a alguma modalidade esportiva
das tantas que são praticadas mundo afora. A mídia destina espaços enormes à
divulgação de clubes, atletas e competições e o faz não gratuitamente. Conta
com farto patrocínio para tal, o que sustenta a maioria dessas empresas. Os
esportes são, pois, uma atividade altamente lucrativa. O gosto por eles é uma
das tantas características do que chamamos genericamente de “modernidade”.
Os gostos variam,
embora haja espaço para praticamente todas as modalidades. E volta e meia surgem
novas, que acabam por conquistar, também, praticantes e principalmente simples
(não raro fanáticos) apreciadores. Nos Estados Unidos, por exemplo, as
preferências recaem, basicamente, sobre o beisebol, o futebol americano e o
basquete, nesta ordem, embora haja espaço para tantas outras. Em países como a
Nova Zelândia, a Austrália e a África do Sul, o esporte mais popular e mais “consumido”
é o rugby, que superlota estádios e erige ídolos. Alguns, como ocorre em todos
os esportes, findam por ser alçados à categoria de mitos por suas habilidades,
façanhas e carisma. No Japão, são as artes marciais que predominam. E a relação
de modalidades e de preferências se multiplica exponencialmente. Aqui sequer
estou tratando da importância da prática esportiva para a saúde. Deixo isso
apenas implícito, por ser o óbvio dos óbvios.
A lógica indica,
portanto, que livros abordando personagens e circunstâncias dos esportes
deveriam ser garantia de sucesso. Opções é que não faltam. Assunto muito menos.
Tempos atrás, queixei-me, por exemplo, que o futebol, paixão nacional dos
brasileiros, era raríssimamente abordado por nossos escritores. Equivoquei-me.
Livros a propósito há em profusão. O que falta é a devida divulgação. Por
razões que nada têm a ver com literatura – como qualidade e correção dos textos,
estilo e tudo o mais que caracteriza a atividade literária – as obras tendo os
esportes por tema, não têm o sucesso que o seu potencial de vendas sugere que
devesse ter.
Os vários livros
publicados sobre o tema dificilmente esgotam uma única edição. Não raro,
encalham nas prateleiras das livrarias sem que o leitor sequer desconfie que
eles existem. Por que isso acontece, se há tamanho potencial? Porque, reitero.
o que conta mesmo para que qualquer trabalho literário se torne best-seller é,
fundamentalmente, o mesmo fator que importa para que qualquer produto,
essencial ou não às pessoas, venda o que seus produtores esperam: a divulgação.
E nesse quesito, infelizmente, pelo menos no Brasil (não sei a realidade de
outros países nesse aspecto, mas presumo que o problema, guardadas as
proporções e salvo exceções, seja o mesmo ou parecido), ela deixa muito a
desejar.
Antes de tratar, em
detalhes, do assunto a que me proponho, ou seja, o do esporte na literatura (o
que farei nos próximos dias) permitam-me fazer breve parêntese para tratar da
importância desse objeto que considero tão essencial para a nossa vida,
enquanto seres civilizados, quanto o alimento, as vestimentas, a moradia etc.etc.etc. Vocês, certamente, já
intuíram sobre a o que me refiro. E muitos, a priori, já devem estar achando
que é exagero da minha parte. Não é!
O livro ainda é tratado,
apenas, como mero produto industrial, que, de fato, é. Diria: que “também” é.
Isso, se encararmos, apenas, o aspecto da sua produção. Todavia, ele tem
característica peculiaríssima em relação á maioria de tantos e tantos outros
bens produzidos. Classifico o livro como item essencial de uma sociedade
minimamente civilizada. Deveria ser imprescindível na casa e na vida de toda e
qualquer pessoa. Trata-se de meio de informação e formação intelectual básico,
primário e indispensável. Ninguém aprende a ler sem ele.
O iletrado, no mundo
contemporâneo, não tem futuro. Não aspira e nem pode aspirar nenhum tipo de
ascensão social e muito menos econômica. É, e sempre será, enquanto mantiver a
condição de analfabeto, um subalterno, cuja única ocupação que poderá exercer
será a que exija somente força dos músculos. Isso se a tiver. Caso não tenha...
estará frito! Será peso morto para a família e para a sociedade. Considero,
pois, o livro indispensável, tanto quanto a comida, pois, como esta, é, também,
“alimento” para o ser humano, posto que não para o corpo, mas para o espírito. Por
sua importância, o acesso a ele deveria ser não apenas incentivado, mas,
sobretudo, facilitado. Teria que ser subsidiado pelo poder público e não ser,
como é hoje, privilégio de poucos. Voltarei, certamente, ao assunto.
Boa leitura.
O Editor
Acompanhe o Editor pelo twitter: @bondaczuk.
Numa das frases arrancou-me risos e disso eu estava precisando. Indispensáveis livros e esportes. O meu filho Fernando, há anos, dedica-se a acompanhar campeonatos de Rugby, e de algumas semanas para cá entrou num time incipiente aqui na cidade. Nunca reparei nesse esporte, mas vou prestar mais atenção. Sobre livro de esporte já li "A Estrela Solitária", de Ruy Castro, tratando-se de Garrincha, que rendeu ao autor muitos aborrecimentos. Parece que no final venceu e a obra poderá voltar a ser vendida.
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