E a entrevista do Papa Francisco?
* Por
Paulo Reims
Certamente todos já
ouvimos alguma crítica ao Papa Francisco, seja ela positiva ou negativa. É
provável, também, que todos tenhamos escutado o Papa falando em algum momento,
ou lido algum conteúdo por ele elaborado.
Quando ele esteve no
Brasil, em julho passado, a oportunidade de tê-lo ouvido falando em português
ou espanhol foi bem mais próxima. A imprensa acompanhou tudo, e a divulgação
era, normalmente, em tempo real. Seu modo de se expressar é simples e direto,
ao alcance de qualquer pessoa poder entendê-lo.
Foram momentos
empolgantes para quem esteve participando da JMJ, no Rio de Janeiro, apesar da
chuva e do frio, e também em Aparecida-SP; não menos empolgados os que o
acompanharam pelos meios de comunicação, especialmente pela televisão. Seu
jeito simples, próprio dos latinos, cativou muita gente, católica ou não.
Continuam circulando,
pela rede de computadores, lindas mensagens deste acontecimento marcante,
especialmente para o Brasil, mas também para o mundo, por ser a jornada mundial
da juventude.
Não faltaram criticas
negativas ao evento, mas o saldo positivo é bem maior. O Papa sorria o tempo
todo, apesar das dores no ciático. Acenava efusivamente para o povo, dando a
entender que gostaria de abraçar todas as pessoas de forma carinhosa e
fraterna. Havia dito a um repórter, em uma das entrevistas, que se fosse para
andar dentro de uma caixa de vidro, seria melhor ficar em casa. É o seu jeito
simples, direto e espontâneo. Descia do papa-móvel para abençoar as crianças,
idosos e pessoas portadoras de deficiências, e até para pegar uma cuia de
chimarrão das mãos de um jovem, levando os seguranças à loucura. Enfim, o Papa
tem atitudes jamais percebidas em outros; os europeus são incapazes destes
gestos, salvo exceções, provavelmente pela cultura.
Na extensa entrevista
que ele concedeu ao padre Antônio Spadaro, italiano e jesuíta como o Papa, e
que foi publicada na Revista “Civiltà Cattolica” em 19 de setembro de 2013, e
que está sendo bastante comentada pelo mundo afora, o Papa Francisco solta o
verbo. Realmente, esta entrevista deixa transparecer quem é o Papa, o que ele
pensa; praticamente escancara as portas do seu coração; quem desejar lê-la em
português poderá acessar o link: http://fratresinunum.com/2013/09/19/integra-da-entrevista-de-francisco-a-civilta-cattolica/.
Os progressistas estão
lavando a alma, pois o Papa não esconde nada. Quando perguntado sobre como
definia sua pessoa, disse: “Sou um pecador; um pecador para quem Deus olhou com
misericórdia”. E deixa claro que é desta forma que a Igreja deve tratar todas
as pessoas, sem exceção.
Também afirmou que com
seus 36 anos de idade o fizeram responsável pelos jesuítas da Argentina, cargo
elevado, e que a princípio ele o exerceu com certo autoritarismo, era
individualista nas decisões, certamente por falta de experiência, e por isso
foi taxado de ultra-conservador, mas que nunca foi de direita, para a decepção
dos conservadores que formam uma longa fileira.
Um repórter de uma
televisão “importante” aqui do Brasil, há uns meses, escreveu um artigo em
defesa do papa Francisco, quando ele foi atacado por cumplicidade à ditadura de
Videla, na Argentina; lá ele dizia: “ele nem podia ser cúmplice, pois naquela
época era um simples padre, esses certamente são comentários da esquerda
descontente”. Enganou-se o repórter. O Papa Francisco era já o Superior
Provincial na época. Porém, é verdade que ele não foi cúmplice, pelo contrário,
ajudou muitas pessoas a se livrarem das atrocidades do ditador e tirano Jorge
Videla, que morreu em maio deste ano, aos 87 anos de idade, numa prisão da
argentina, que é o lugar apropriado para estes monstros doentios, ceifadores da
vida.
Outra matéria
maldosamente elaborada circulou pela internet afirmando que o Papa Francisco é
a favor do capitalismo. Pesquisei e descobri que o entrevistador não existe e
que o conteúdo foi inventado por alguém muito boçal, da direita fascista.
Contrariamente ao que
foi dito naquela matéria desprovida de fundamentos, o Papa Francisco tem se
manifestado várias vezes contra este sistema que idolatra o dinheiro e faz o
povo morrer de fome. No último dia 22 de setembro, na Ilha da Sardenha, na
Itália, ele se encontrou com o povo trabalhador daquela Ilha, sofrendo com o
desemprego reinante por lá, e criticou duramente a situação de miséria criada
pelo sistema capitalista, que endeusa o dinheiro, em detrimento de uma multidão
de pessoas que devem ocupar o centro de todas as atenções.
Portanto, o Papa
Francisco defende o sistema humanista, onde todas as pessoas possam viver e
conviver com dignidade. Avante, Papa Francisco! Dios lo bendiga, siempre!
*
Jornalista
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