Questão de segurança
nacional
Em 1976, alertada por
cientistas que o clima da Terra havia começado a mudar a partir de 1950, a
Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) encomendou, ao
Instituto de Estudos do Meio Ambiente da Universidade de Wisconsin, detalhado
relatório sobre o que estava acontecendo, contendo, não somente dados
estatísticos, mas extrapolações sobre as possíveis conseqüências das alterações
em andamento. A principal recomendação, todavia, foi a de se apresentar as
causas desse fenômeno.
“O que a CIA tem a ver
com isso”, pode perguntar o admirado leitor, ciente de que essa organização
norte-americana tem, como função prioritária, zelar pela segurança nacional,
principalmente mediante espionagem e contra-espionagem? Tem muito! Afinal, as
anomalias nos ciclos de chuvas e a variação brusca das temperaturas médias, com
extremos ora de frio e ora de calor, afetam diretamente a agricultura. E não
há, convenhamos, nada de mais estratégico para qualquer país do que a produção
de alimentos. Recorde-se que foi a geração e a estocagem de comida que fez com
que o Homo Sapiens saísse das cavernas primitivas e se civilizasse. Foi a
Agricultura que deu início à atividade comercial, a grande responsável pelas
demais ações políticas, sociais e militares.
Por que? Pelo motivo
super óbvio. Porque nada é mais importante para qualquer animal que seja do que
a comida. E as mudanças no clima, sejam quais forem, trazem, invariavelmente,
em sua esteira, secas catastróficas, irregularidades extremas nos regimes de
chuva e, por conseqüência, quebras ou perdas totais de safras que resultam, em
última análise, em fome. Esta, por seu turno, detona ondas de descontentamento,
de desespero, de violência e não raro de incontroláveis distúrbios
político-sociais. É como diz o famoso ditado: “em casa que falte o pão, todos
gritam, e ninguém tem razão”. Ademais, não faltam oportunistas para manipular
multidões famintas e desesperadas e
insuflá-las a cometer atos extremados, em nome de determinada ideologia, que no
final das contas, não enche a barriga de ninguém. Todavia, hordas famintas não
raciocinam. Querem porque querem, claro, comida, a qualquer custo.
Se o leitor observar
bem notará que países com insuficiência de alimentos são todos (ou quase todos)
governados por ditadores, tanto de direita, quanto de esquerda. Os deste último
caso surpreendem-me mais. Afinal, que vantagem há, para qualquer povo, na
socialização da miséria? Na da riqueza, ainda se compreende. Mas na da
indigência... Raia o surreal. E nesses regimes, que se dizem socialistas (a
maioria não tem a mais remota noção do que seja socialismo), há rigorosa
igualdade de direitos e deveres entre “todos”? Não há castas privilegiadas que
negam a tese de sociedade sem classes? Claro que há!
Atenta às potenciais conseqüências
sociais de uma produção insuficiente de alimentos, causada por severas mudanças
climáticas, a CIA, uma das responsáveis pela segurança nacional dos Estados
Unidos, começou a se prevenir. O relatório que encomendou ao Instituto de
Estudos do Meio Ambiente da Universidade de Wisconsin apontou em uma direção
diametralmente oposta à da corrente majoritária atual que detecta o tal do “Efeito
Estufa”. Concluiu que o mundo estaria ingressando em nova “Era Neoboreal”. Ou
seja, numa pequena glaciação que via de regra tem curta duração (em termos
cósmicos): em média, 250 anos, tempo irrisório nos aspectos geológicos. Mas,
caso essa mudança se confirme, afetará exatamente a nossa geração e a dos
nossos descendentes (netos, bisnetos, tataranetos etc.etc.etc.). .
De acordo com o
referido estudo, as alterações do clima (esfriamento do Planeta) ocorreria por
várias razões, todas naturais, impossíveis, portanto, de serem prevenidas ou
modificadas pelo homem. Entre essas causas, estaria a posição da Terra no
espaço em relação ao Sol. As características principais dessas mudanças seriam,
conforme o citado relatório, a queda gradativa da temperatura do Planeta, com
invernos cada vez mais intensos e extensos e verões mais curtos e mais frescos.
Nas latitudes intermediárias, como a linha do Equador, ocorreriam ora excessos,
ora escassez de chuvas. E o sistema de monções passaria a ter grandes falhas.
As conseqüências tenderiam
a ser as mais variadas possíveis e todas muito ruins. Segundo o referido
estudo, por exemplo, devem ocorrer grandes estiagens, de 4 em 4 anos, na Índia,
o que resultaria na redução populacional de 25% (ou seja, na morte de 225
milhões de pessoas). Será uma catástrofe, caso essas extrapolações se
confirmem. No mesmo continente asiático, a China, país mais populoso do mundo
(com 1,47 bilhão de habitantes) sofreria catastróficas quebras de safras e
dependeria, cada vez mais, de maciças importações de alimentos. A República do
Cazaquistão (que no passado ainda relativamente recente, integrou a extinta
União Soviética), na Ásia Central, perderia a totalidade de suas terras aráveis,
que seriam cobertas por geleiras. Deixaria, por isso, de produzir um mínimo de
40 milhões de toneladas métricas de grãos por ano.
Mas as conseqüências
afetariam, também, e diretamente, os Estados Unidos e arredores. O Canadá, por
exemplo, diminuiria em 50% sua capacidade de produzir alimentos e em 75% seu
potencial de exportação. Na Europa, o comércio exterior de cereais certamente
cairia entre 25% e 30%. Em pouco tempo, o imenso estoque mundial existente,
formado graças a magníficas safras (especialmente os recordes consecutivos de
colheitas de 1985 e 1986, os anos de maior produção no mundo de que se tem
notícia na História) seria reduzido, provavelmente, a zero.
Seria uma tragédia de
proporções impensáveis! A estabilidade política internacional, óbvio, iria para
o espaço. O instinto de sobrevivência sobrepujaria qualquer princípio, ético,
moral, legal ou religioso. É fácil de prever que, nessas circunstâncias, países
militarmente mais fortes tomariam à força as terras férteis e produtivas dos
mais fracos. A civilização, como a conhecemos, deixaria de existir, sabe-se lá
por quanto tempo...
A Terra estaria, mesmo,
esfriando, entrando na tal “Era Neoboreal”, como alertou o relatório da
Universidade de Wisconsin? Ou estaria ocorrendo exatamente o oposto, o aumento
da temperatura média do Planeta, o tão comentado “Efeito Estufa”? Qual corrente
está com a razão? Uma coisa, todavia, é certa: o clima da Terra está mudando...
Boa leitura.
O Editor
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